‘Santos Pantaneiros’ leva religiosidade popular ao Misc
Registros de décadas foram feitos pelo olhar do fotógrafo Mário Friedlander
André Garcia Santana – São Benedito, Sant’Ana, Nossa Senhora Aparecida e São Gonçalo. Ao lado de outras santidades católicas, eles nomeiam festividades pelo estado a fora e ajudaram a batizar também a exposição ‘Santos Pantaneiros’, do fotógrafo Mário Friedlander. A mostra foi inaugurada nesta quarta-feira (22), no Museu de Imagem e do Som de Cuiabá (Misc). São mais de 100 fotografias capturadas ao longo de décadas, em um trajeto marcado pelas tradicionais festas de santo do Pantanal Mato-grossense.
O recorte geográfico, de acordo com Friedlander, é um dos pilares do trabalho. “Só veem o Pantanal como um lugar cheio de onça, jacaré e tuiuiú. Não é só isso. Esse ecossistema, do tamanho da França, é ocupado por povos tradicionais, divididos em cidades e comunidades que tem muita cultura original. De tanto fotografá-los, percebi que tinha um acervo gigante sobre religiosidade popular. Daí surgiu a proposta e é por isso que leva esse nome.”
Para não destoar da temática, as paredes do museu também abrigarão um altar tradicional, com enfeites, imagens e iluminação variada. Os adereços foram cedidos por festeiros com os quais o fotógrafo se relaciona ao longo do tempo. Pelos ambientes multiplicam-se ainda bandeirolas com desenhos e recortes feitos a mão, em mutirões devocionais.
A mostra foi viabilizada por meio do Edital Circula-MT, da Secretaria de Cultura do Estado de Mato Grosso – (SEC-MT), e com o apoio da Prefeitura Municipal de Cuiabá, EXPOIMAT-UFMT, Prefeitura Municipal de Campo Verde e Prefeitura Municipal de Primavera do Leste, cidades para onde passarão as fotografias.
A parceria com a Prefeitura da Capital, estabelecida por meio da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo, enriquece a programação do Misc. O Museu tem apresentado atrações diversas e atraído públicos diferentes a cada iniciativa. “Estamos movimentando o Museu, que reabriu as portas neste ano, depois de quase três anos de pausa. Para levar isso a frente e trazer vida ao espaço, é preciso sensibilidade e a gestão tem demonstrado isso com as pessoas”, diz o titular da Pasta, Francisco Vuolo.
Embora o olhar do artista esteja voltado à comunidades quilombolas, povos tradicionais e indígenas há muitos anos, sua origem teuto-brasileira o denuncia como um estrangeiro na região. Diante disso, a conexão necessária para que se construam os registros, é constituída com muito respeito e admiração.
“Muitos já me conhecem de outros trabalhos. Então às vezes eu chego de um lugar ao outro por indicação deles mesmos. Sempre fui muito bem recebido e me sinto aceito. Como as exposições normalmente não chegam à estes cantos, tento retribuir disponibilizando as fotos para produção de materiais para a realização da festa, sejam panfletos, camisetas, banners”, diz.
Dentre as festas fotografadas, estão as de São Benedito, Divino, Santana, São João e São Gonçalo, São Pedro, Cavalhada, Santo Antônio e São Benedito, todas realizadas na região de Poconé. Somam-se a elas as de São Bento e nossa Senhora Aparecida, de Rosário Oeste e festa de São Pedro da Comunidade de Joselândia. Mário conta que pretende levar a exposição para Poconé no próximo ano, devido a quantidade de imagens feitas ali.
A exposição conta com a curadoria do artista Bené Fonteles que residiu por muitos anos em Mato Grosso e se destaca pela atuação em nome da cultura popular e do patrimônio imaterial. A visitação acontece de segunda-feira a sexta-feira, das 9 às 17h, até 22 de Setembro.
Serviço
Exposição Santos Pantaneiros
Local: Museu da Imagem e do Som – Rua Voluntários da Pátria – Centro
Abertura: 22 de Agosto
Horário: 20h
Informações: (65) 99274-1456
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