Quando uma pandemia abre as portas do Céu…

O novo coronavírus é uma realidade macabra no país e, também, em grande parte do planeta. Já não há tanto espaço nos cemitérios para comportar a quantidade de vítimas dessa pandemia. Covas têm sido abertas prematuramente para “aguardar” os futuros ocupantes em vários municípios brasileiros e mundo afora. E as  vítimas não param de chegar: têm desembocado sucessivamente nos campos santos, em regime dominó.

Por tudo isso que acontece no planeta, com final ainda incógnito, praticamente mais sombrio do que alentador, não sobrou espaço sequer para a arrogância daqueles que imaginam ser superiores aos demais ocupantes da terra. Os que pensam ser os maiorais em tudo, por possuírem recursos financeiros ou algum status social. O coronavírus fez com que reavaliassem tais conceitos.

São aqueles que andam com um “rei na barriga”, conforme se diz. Manifestam total indiferença despreziva a quantos passem a seu lado, por vezes buscando o manjado recurso de checar o celular para fugir a um simples cumprimento. E quem ousar cumprimentá-los, vai ficar sem resposta: eles apressam o passo para fingir que foram cientificados de algum compromisso inadiável.

É uma postura cotidiana de milhões de humanos que também assumem “reinado nos sanitários” todo santo dia, não se diferenciando de nenhum outro. E se por acaso detêm os veículos num semáforo qualquer ou cruzamento, aí assumem ares pateticamente ridículos ao amparar o queixo na palma da mão ou manter o polegar na ponta do nariz. Se o dedo escapulir para uma das narinas…

Também andam feito loucos pelas ruas, buzinando, xingando e… atropelando. Não hesitam em jogar o carro contra transeuntes e ciclistas distraídos. Ao volante das máquinas, imaginam, são sempre poderosos, imbatíveis, e a tralha paupérrima da população não tem o direito de reduzir o ritmo da pretensa supremacia dessas bestas humanas. Não passam, na realidade, de palhaços sociais, dignos de desprezo geral por parte dos que discriminam e tentam inferiorizar socialmente.

Pois bem: agora, toda essa turma nojenta está apavorada, suplica socorro a Deus. Tem grupos arrogantes que até rezam o terço diariamente, temendo que a foice do novo coronavírus se abata sobre suas cabeças de “majestades”. Na verdade, descobriram, de modo relâmpago, duas coisas: identicamente aos outros animais humanos, também defecam matéria fisiológica e muita asneira.

O que deduzo ser mais destacado nessa historieta é que o “reinado” de inesgotável arrogância de reis fictícios se desfez magicamente pela presença ameaçadora e sombria de um inimigo invisível, o novo coronavírus. Os céticos religiosos, quem diria…,  viraram exemplares seguidores dos passos de Jesus. Talvez hipocrisia explique essa drástica mudança comportamental…

Por João Carlos de Queiroz

 

 

 

 

 

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