Polícia do RJ reconstitui assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Segurança da simulação tem apoio das Forças Armadas
Já transcorreram 57 dias da morte brutal da vereadora carioca, chacinada na noite do dia 14 de março quando retornava para casa, após participar de reunião. O ministro Raul Jungmann (Segurança Pública) anunciou que as investigações estão bem adiantadas
Redação site – Toda a região adjacente ao bairro Estácio, área central da cidade do Rio de Janeiro, encontra-se interditada desde às 20h de hoje (10) pela Polícia, para a reconstituição do duplo crime da vereadora Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes. O assassinato da vereadora repercutiu no mundo inteiro, levantando questões raciais, políticas e milicianas.
Qual desses itens motivou o crime, ainda é mistério, apesar de a polícia suspeitar que tudo possa ter sido originado por disputa de espaço político entre a parlamentar e um colega de vereança, detido preventivamente. Nada está provado, por enquanto, e outras hipóteses vêm sendo investigadas. A reconstituição pode elucidar o mistério, ou parte dele, é a expectativa das autoridades.
Para reconstituir o duplo assassinato, a polícia montou uma espécie de quartel-general no entorno da área de ocorrência do sinistro, a fim de garantir máxima segurança aos moradores e participantes da simulação. Conta, aliás, com apoio tático das Forças Armadas, logística completa.
Estão sendo utilizados armamentos reais, não balas de festim. As testemunhas também estão no local, a fim de avaliar qual foi a primeira impressão que tiveram ao ouvir o som dos tiros, se foram disparos intermitentes ou isolados. Isto pode ser peça auxiliar na identificação de algumas peças que faltam ser encaixada nesse tabuleiro criminoso.
Um dos mistérios do crime reside também na arma que utilizada, uma submetralhadora MP 5, conhecida como uma das mais usadas por grupos especiais das polícias Federal, Civil e Militar. Investigações têm sido levantadas para tentar descobrir a forma com que essa arma chegou às mãos dos criminosos. Não está descartada a hipótese de que tenha sido retirada de dentro dos próprios órgãos de segurança pública por milicianos infiltrados nas corporações.
No ataque mortal, Marielle foi atingida com 4 tiros na cabeça, enquanto seu motorista, alvejado pelas costas, recebeu 3 disparos da suposta 9mm, submetralhadora. Também no carro da vereadora, sua assessora se salvou, sendo ferida levemente por estilhaços dos tiros. Ela nem ficou hospitalizada, recebendo alta após ser atendida.
A reconstituição acontece exatamente no local onde Marielle e seu motorista sofreram o ataque criminoso, descartando-se o itinerário realizado pela parlamentar quando saiu da Casa das Pretas, Rua dos Inválidos, para se dirigir à região do Estácio, ponto do ataque.
A CAMINHO DA ELUCIDAÇÃO – Conforme relato de uma testemunha, sob proteção da Polícia, há envolvimento do vereador Marcelo Siciliano (PHS) e do ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo, juntamente com dois PMs.
Orlando, que está preso, chefia milícia na Zona Oeste do Rio, Jacarepaguá, e os dois policiais militares que estavam no carro que atacou a vereadora estariam acatando suas ordens, é outra suspeita. Já o vereador Marcelo Siciliano nega terminantemente, argumentando que ele e Marielle tinham boas relações, até com participação conjunta em projetos e festas de aniversário.
A reconstituição começou atrasada, às 23h. A imprensa precisou ficar atrás de grades montadas pela Guarda Municipal. Plásticos pretos foram afixados para proteger o trabalho da Polícia na atual Rua Marielle Franco, além de sacos de areia para amortecer os tiros. Um carro idêntico ao de Marielle chegou ao local em cima de reboque.
Comentários estão fechados.