Paixão em duas rodas: Gustavo viaja de bicicleta para ver o Náutico

Torcedor apaixonado do Timbu, o pernambucano de 33 anos foi de Recife a São Luís para acompanhar a decisão da Série C deste domingo (6)

Assessoria CBF – O que você faria pelo seu time do coração? Esta pergunta pode ser respondida de inúmeras maneiras. Para Gustavo Tiburtino, a resposta veio nas últimas semanas. Torcedor apaixonado pelo Náutico, ele resolveu pegar sua bicicleta, fiel companheira de aventuras no cicloturismo, e pedalar de Recife até São Luís. O objetivo? A final da Série C, marcada para esse domingo (6), às 16h, no Estádio Castelão.

Não foi um trajeto fácil, mas a decisão já estava tomada antes mesmo de conhecer o destino final. No dia 15 de setembro, o Náutico perdia para o Juventude por 2 a 1 fora de casa. Porém, isso não desmotivou Gustavo, que afirmava com confiança que o Timbu passaria. Dito e feito. Em mais uma batalha nos Aflitos, emoção até a última cobrança de pênalti e a vaga garantida.

— Minha decisão de fazer isso veio através do primeiro jogo contra o Juventude, quando o Náutico saiu perdendo. Eu meio que estava premeditando a classificação, pois em casa fomos imbatíveis. Foi ai que dei o pontapé inicial, disse que iria para essa final. Ainda não sabia se iria para Aracaju, caso o Confiança passasse, ou São Luís. Agora estou aqui no Maranhão. Vim de bicicleta acompanhar meu time do coração — explicou.

Foram aproximadamente 14 dias em cima da bicicleta, estradas totalmente novas pela frente, um calor intenso e alguns pequenos acidentes pelo caminho. O cansaço pelo grande esforço físico também pesou em momentos da viagem. Agora, já em São Luís, o torcedor ainda sente o desgaste com cãibras constantes e tem marcas da viagem visíveis. Mesmo passando por tudo isso, ele não pensou em desistir de chegar e ainda contou com ajudas – inclusive de rivais – pelas rodovias nos momentos mais complicados.

Torcedor do Náutico pedala 1500 km para assistir a final da Série CTorcedor do Náutico pedala 1500 km para assistir a final da Série C
Créditos: Thais Magalhães/CBF

— Não contei muito bem os dias, mas saí no dia 18, uma quarta-feira, do Recife, passei quatro dias com os meus filhos em Camocim de São Félix e saí no domingo, dia do jogo da volta contra o Juventude, para São Bento do Una. São aproximadamente 120km. Na terça-feira (24), comecei minha trajetória. Na segunda-feira seguinte a primeira partida da final nos Aflitos, eu já não estava suportando bem o calor intenso do Piauí. Tinha acabado de passar por um caminho muito difícil. Então busquei suporte com o pessoal do Recife que conhecia alguém que estava na caravana do Sampaio Corrêa, eles me abordaram em um determinado lugar e eu subi no ônibus para pegar uma carona. Me deixaram em Teresina, economizando 140km mais ou menos. Cheguei em São Luís na última quinta, dia 3 de outubro — disse Gustavo.

Para ele, o suporte dado pelos torcedores do Sampaio Corrêa na estrada foi essencial, já que o desgaste estava muito grande. O torcedor explica que não quis aceitar a carona até São Luís, já que chegaria antes do previsto e perderia a chance de explorar outras cidades com o cicloturismo.

— Seria interessante se essa ajuda acontecesse no Brasil todo. É o que eu espero. Que possamos movimentar o futebol de um jeito que, em vez de brigarmos com um companheiro por conta de um clube, a gente carregue ele como um irmão. Gostei muito da experiência. Se tudo der certo, vou reverenciar eles por isso — afirmou.

Pai de três filhos, Gustavo conta que sua paixão pelo Náutico veio a partir da influência de seu pai, que faleceu quando ele tinha 12 anos. Trabalhador autônomo, ele não pôde estar presente nos jogos de seu clube do coração ao longo do ano, mas prometeu que iria ao mais importante da temporada de qualquer maneira.

Torcedor do Náutico pedala 1500 km para assistir a final da Série CTorcedor do Náutico pedala 1500 km para assistir a final da Série C
Créditos: Thais Magalhães/CBF

— Meu pai era torcedor do Náutico. Infelizmente perdi ele aos 12 anos para a violência. Mas ele deixou um legado, me oferecendo a oportunidade de conhecer esse clube. Com toda batalha e sofrimento, continuo torcendo. Hoje posso acompanhar um momento inédito, que é essa chance de ganhar o título nacional. Por isso decidi vir do Recife, nem que fosse de bicicleta — lembrou o pernambucano.

Além de toda emoção pela decisão que já bate na porta, o torcedor teve sua história contada por muitas pessoas. Sua saga chegou, inclusive, aos ouvidos dos jogadores, comissão técnica e diretoria do Náutico, que o receberam com muito carinho no hotel durante o sábado.

— O pessoal ficou besta quando viu a bicicleta, pois pensaram que era uma esportiva e viram que era bem humilde. Fui bem recebido, consegui ver o treinamento deles, algo que nunca tinha feito, almocei com eles, ganhei produtos oficiais do time, ingresso. Está sendo muito massa. O Náutico me trouxe até aqui e eu estou levando ele para o Brasil todo, quem sabe para o mundo — celebrou.

Assim como Gustavo, outros torcedores do Náutico também embarcaram rumo a São Luís para a final deste domingo (6). De um lado, o Timbu tenta o título inédito após abrir boa vantagem de 3 a 1 em casa. Do outro, o Sampaio Corrêa tem expectativa de Castelão lotado para empurrá-los à virada e ao bicampeonato da Série C.

Torcedor do Náutico pedala 1500 km para assistir a final da Série CTorcedor do Náutico pedala 1500 km para assistir a final da Série C
Créditos: Thais Magalhães/CBF

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