Nova diretoria da Associação Mato-Grossense dos Cegos é empossada na Câmara Municipal
Em solenidade realizada hoje (18) cedo no Plenarinho da Câmara Municipal de Cuiabá, foram empossados os novos membros da Associação Mato-Grossense dos Cegos, até então presidida por Alex Francisco Lili. Assumiu a presidência a administradora Kely Cristina Ramos, e a vice-presidência da AMC, Odenilton Júnior Ferreira dos Santos, funcionário do Legislativo cuiabano (Departamento de Informática). Ambos enfatizaram a necessidade de dar continuidade aos projetos de revitalização das áreas esportiva e social da entidade, bem como de encampar maiores esforços para inserção dos deficientes visuais no mercado de trabalho. A solenidade de posse contou com as presenças de membros do município e Estado, além de familiares dos antigos e novos dirigentes.
No seu pronunciamento, a presidente Kely Cristina Ramos enfatizou conhecer bem os entraves que dificultam a vida do deficiente visual, e adiantou que vai utilizar sua experiência para implementar melhorias adotadas com êxito em Barra do Garças, quando presidiu entidade similar naquele município. “No geral, as associações dos cegos empreendem luta constante para fazer valer seus direitos, sempre desrespeitados de alguma forma ou de outra, no dia a dia. Então, cabe a nós, seus representantes, impor presença no tocante à garantia dos direitos constitucionais conquistados, pois somente assim seremos justiçados. Não se trata de nenhum embate radical, mas de uma movimentação calcada nas reivindicações da categoria. Aos poucos, deixaremos de ser “cegos sociais”, transformando-nos, de forma igualatária, aos demais segmentos vigentes no contexto social. Falta-nos, sim, a visão física, porém ela é suprida pela essência perceptiva, de real contato com as coisas cotidianas”.
Kely adiantou que irá intensificar campanhas no sentido de a associação dispor de sede própria. Atualmente, a entidade ocupa espaço patrimonial do município, na região do Porto. “É uma situação provisória, sabemos, sem consistência de garantias, pois os governantes sempre mudam, e daí advém novas políticas públicas. Temos 520 associados que aguardam, ansiosos, pela consolidação dos benefícios prometidos ao longo dos anos. Alguns já conquistamos, a exemplo de convênio com a Seduc-MT, recursos direcionados ao setor de Recursos Humanos da associação, e a cessão de microônibus, em regime de comodato (Governo do Estado). O cenário é de perspectivas de mais lutas, a fim de os deficientes visuais obterem avanços concretos nos objetivos perseguidos desde então”.
Para o vice-presidente Odenilton Júnior Ferreira dos Santos, analista de sistema, a Associação Mato-Grossense dos Cegos tem muitos desafios à frente, alguns de ordem complexa, conforme constatação de diretorias anteriores, exemplificou. “Lutar é preciso. Estarei 100% ao lado da presidente Kely Cristina, ouvidos atentos para nossos associados, opiniões, participação, etc. Focado sempre em não fragilizar, e empreender firmemente os dispositivos concebidos e outros inéditos em prol de melhorias diversas no contexto da entidade. O cego tem luz própria, e consegue enxergar claridade onde a maioria das pessoas, sem qualquer deficiência visual, só vislumbra sombras esparsas”.
Odenilton disse se sentir honrado pela confiança do cargo de vice-presidente que ora ocupa, salientando que o cargo é uma atribuição passageira, mas ininterrupta, em se tratando de deveres à coletividade de deficientes visuais. “Vamos estreitar laços com as demais associações do Estado, sediadas em Rondonópolis, Barra do Garças, Tangará da Serra e região de Jaciara. Este intercâmbio de experiências, troca de ideias, pode fomentar soluções almejadas pelo grupo de representante dessas entidades regionais, tornando-se prática contumaz do setor diretriz da Associação Mato-Grossense dos Cegos”.
Ao concluir, o novo vice-presidente destacou que a cegueira não é impedimento de felicidade, como muitos imaginam. “A felicidade se traduz pela visualização interior das coisas, não necessariamente pela realidade exposta diante de si. Almejamos, por exemplo, interagir no âmbito social sem sofrer nenhum tipo de discriminaçao. Porque, por mais que digam que os cegos têm sido tratados condignamente, há inverdades assustadoras na sua rotina profissional e mesmo pessoal, até familiar. Isso traz sofrimento a quem espera, pacientemente, o surgimento de luzes justiceiras nesse presente estado de escuridão insensível”.
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