Não confunda vampiros com conquistadores chupões…
Ainda que muita gente duvide, vampiros estão entre nós o tempo todo. Agem de forma dissimulada, pois não querem chamar a atenção. Não é conveniente que sugadores de sangue humano sejam descobertos e, aprisionados, morram por inanição. Mesmo os dráculas modernos precisam se precaver para continuar existindo.
Talvez esse preâmbulo consiga explicar um fato sofrido por amiga, décadas atrás. Encabulada com o sucedido, ela contou que, inicialmente, nem percebeu se tratar de vampiro, atribuindo o ataque chupão a mania de conquistador barato. Só se deu conta de estar frente a frente com um indivíduo das trevas após ele anunciar não ter nenhum interesse sexual nela, apenas no seu sangue.
A amiga em questão, que ora chamarei de Estela, nome fictício, trabalhou por algum tempo num escritório da área central de Cuiabá, mais especificamente na Rua Barão de Melgaço, 10. andar.
Por costume, mais por tática de regime, ela nunca almoçava, limitando-se a lanchar levemente. E assim permanecia no escritório sozinha. Aliás, o andar inteiro ficava vazio nesse horário, entre 11h30 e 13h. Estela tinha convicção de estar 100% segura ali, e assim deixava a porta aberta o tempo todo.
Qual não foi sua surpresa ao receber uma boa tarde! em tom gutural, sem a mínima simpatia. Olhou para aquele homem alto, magro, de traços estranhos, e indagou se poderia ajudar. Ele respondeu já fechando a porta:
– Pode, sim. Você é minha solução agora!
Estela gelou dos pés à cabeça, temendo ser assassinada. Por que foi deixar a porta aberta?
O homem trancou a porta com duas voltas na chave, e já foi pedindo para ela abrir a blusa. Estela, lívida e tremendo, concluiu que era um maníaco sexual, desejoso de estuprá-la.
Percebendo seu espanto e recuo, o homem ameaçou com voz ainda mais sinistra:
– Não gosto de esperar, moça! Já ordenei: tire logo essa blusa, inclusive o sutiã! Ou prefere que eu tire, hein?!
Sem alternativa, Estela retirou a blusa e o sutiã, cruzando os braços sobre o tórax para não alardear sua intimidade. Respiração ofegante, o medo de ser assassinada crescia sem parar…
O homem não se fez de rogado: descruzou os braços de Estela rudemente, e, sem hesitar, mordeu seu seio rudemente, até sangrar. Ato seguinte, colou sua boca ao ferimento, chupando o sangue sem parar.
Estela conta que sentiu tontura dupla, pela perda de sangue e o pavor de ser morta num prédio praticamente deserto àquele horário. Pensou em gritar, pedir socorro, mas o homem a olhou perfidamente nos olhos e sentenciou: “Se der um pio morre na hora! Fique caladinha!”
Resignada com seu destino, ela permitiu que ele continuasse a função de sanguessuga. Em dado momento, deixou escapar uma frase pedindo proteção a Deus. Foi como se chicoteasse o rosto do criminoso, pois ele deu um salto pra trás, boca ensanguentada, já dizendo revoltado:
– Sua maldita! Seu sangue está ardendo na minha boca só de ouvir esse nome! Vou voltar, pode me aguardar!
Tão rápido e ladino como surgiu, o vampiro cuiabano abriu a porta e saiu rápido pelo corredor, em direção aos elevadores.
Estela, ainda tonta, reuniu coragem para checar se ele descera, mas jura que ele simplesmente se desintegrou no corredor. Nenhum elevador havia parado naquele andar, pois ela teria percebido o barulho.
Daí em diante, nem preciso dizer, minha amiga passou a acompanhar suas colegas nos intervalos de almoço, sendo a primeira a deixar o escritório no final da tarde.
Cientes do ataque que ela sofreu, insistiram em levá-la a uma psicóloga, a fim de desfazer o trauma. Por anos seguidos, continuou sonhando que o chupador de sangue invadia seu quarto todas as noites.
Comentários estão fechados.