Milagre de Natal: quando Papai Noel é o próprio Deus
Já faz um bom punhado de anos, resolvi auxiliar uma família carente em Cuiabá com uma cesta básica natalina, cumprindo promessa feita a Nossa Senhora meses antes, em face de graça alcançada. O Natal se apresentava então com aquela característica festiva, bem mais animadora do que nos dias atuais. Algo do encanto natalino parece mesmo ter se perdido nos últimos tempos…
Pois bem: fui no Supermercado Moreira (que antecedeu o Modelo Ponte Nova – Cuiabá-MT) e, além da cesta convencional, comprei mais ingredientes para a Santa Ceia da amiga necessitada, a exemplo de frango, leite, panetone e refrigerantes…
Compra embarcada no bagageiro do saudoso Fiat Elba, fui proceder sua entrega e consequente cumprimento da promessa à Virgem Maria. Enquanto desembarcava os alimentos, surgiram várias crianças de cinco a sete anos, todas maltrapilhas e com aquele olhar esperançoso de ganhar algum presente.
A mãe também estava emocionada por receber produtos que certamente não teria condições de comprar, percebi pelos seus olhos úmidos. Uma das crianças inquiriu de forma direta: “Trouxe chocolate?” E logo outra emendou: “Eu quero biscoitos!”
Essas singelas perguntas me deixaram constrangido, pois não havia trazido nem chocolate nem biscoitos. Para piorar, a filha mais velha da senhora surgiu ao meu lado igualmente curiosa com um bebê no colo, e indagou se entre aquelas compras havia “papinha”. Outro produto ausente…
Recordo que devo ter sorrido rapidamente sem-graça e sem emitir nenhuma resposta, simulando estar entretido em retirar o restante das compras do bagageiro. Porém, para minha surpresa, havia um sacolão extra ao lado da cesta básica. Estranhei pelo fato de não ter embarcado nada do tipo. E mais atônito fiquei ao constatar os produtos ali contidos: chocolate, biscoitos, papinha, balas, bombons, etc.
As crianças acompanhavam atentamente a retirada dos alimentos do carro, e emitiram gargalhadas de felicidade ao ver que todos os seus pedidos estavam ali. Uma delas até comentou feliz: “Ele trouxe tudo!”
Essa turminha hoje já é adulta, e compreensivelmente nenhum dos seus integrantes se lembra disso. Afinal, aconteceu há décadas! O fato é que o cabuloso mistério ainda prevalece: quem embarcou aquela compra no carro?
Tenho nítida consciência de ter acomodado todos os mantimentos no bagageiro, certificando-me de que o porta-malas não iria abrir durante o percurso. E na nota fiscal de compras não constava nenhum dos ingredientes dessa cesta básica extra que surgiu ali por encanto. Sem dúvidas, naquela noite Deus vestiu o uniforme de Papai Noel…
Por João Carlos de Queiroz
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