Hospital Metropolitano realiza cirurgias neurológicas em caráter experimental

Paciente que ficou cinco dias perdido em rodovia recupera memória e passa bem após cirurgia

Assessoria | SES-MT – O Hospital Metropolitano de Várzea Grande está realizando cirurgias neurológicas em caráter experimental. Três procedimentos já foram realizados com sucesso neste mês de dezembro e a Secretaria de Estado de Saúde (SES) estuda a possibilidade de habilitar o serviço junto ao Ministério da Saúde.

O diretor geral, Alexandre Beloto, conta que as cirurgias são executadas pelo neurocirurgião Wilson Novaes, que pertence ao quadro de servidores da SES e apresentou à direção do Metropolitano um projeto que propõe a implantação do serviço no hospital, hoje principal referência em cirurgias ortopédicas e bariátricas.

Novaes está otimista com a oportunidade. “Vi que o Metropolitano tem uma excelente estrutura e que, se dotado de alguns equipamentos e equipe, é possível oferecer à população mato-grossense este serviço que é de grande importância social, já que lesões neurológicas podem levar à morte ou sequelas para o resto da vida”, justifica o médico.

A implantação do serviço, se concretizada, incluirá a capacitação das equipes de enfermagem da terapia intensiva, centro cirúrgico e enfermarias, de maneira que estejam habilitadas não só para lesões traumáticas como casos de aneurisma, tumores entre outros.

Um dos pacientes beneficiados pelo projeto piloto é o vendedor de salgados José Mariano dos Santos, de 67 anos, morador do Bairro Mapim, em Várzea Grande, que viveu uma história dramática. Mariano sofreu um acidente há cerca de três meses. Inicialmente, não havia ficado com nenhum trauma ou lesão. Porém, os dias se passaram e ele começou a perder a memória e a cair se virasse a cabeça para o lado esquerdo.

O vendedor de salgados saiu de moto na BR-070, sentido Cáceres, no dia 28 de novembro. Ele conta que em determinado momento viu que pilotava no sentido errado, porém, perturbado, não conseguiu parar. Perto da Serra do Mangaval, acabou virando a cabeça, perdeu o controle da moto e caiu na ribanceira.

Ele conseguiu chegar até a estrada e caminhou até um restaurante onde, com muita dificuldade, conseguiu avisar a família que de pronto foi ao seu encontro, mas não acharam o local porque já era tarde da noite. No dia seguinte decidiu sair a pé na estrada para encontrar os parentes, mas novamente caiu na ribanceira.

Mariano ficou perdido na mata em busca de água, comeu capim para matar a fome até chegar a uma fazenda. Inicialmente foi confundido pelo capataz como um dos fugitivos da cadeia pública de Poconé (a fuga ocorreu no dia 15 de novembro). Mas, ao perceber que Mariano estava mesmo perdido, o capataz lhe cedeu às botas e o levou para a sede. Ele estava muito ferido, com os pés sangrando, descalço e sem camisa.

No dia 02 de dezembro, cinco dias após o desaparecimento, o dono do restaurante – que o abrigou no primeiro dia – buscou Mariano na fazenda e a família foi ao seu encontro.

Já em Várzea Grande, foi internado no pronto-socorro onde passou pela avaliação do Dr. Wilson Novaes. “Ele disse que eu precisava ser operado e me encaminhou para o Metropolitano. Hoje estou muito bem, graças a Deus, ao Dr. Wilson e ao hospital”, agradece o vendedor de salgados.

“Meu pai está muito bem. A cirurgia foi um sucesso e esperamos que o hospital passe a oferecer definitivamente este serviço”, completa a filha Gláucia Mariano.

Capacidade

A especialidade da neurocirurgia, de acordo com o diretor técnico Fábio Liberali Weissheimer, é eficiente em nível de Sistema Único de Saúde (SUS) e o início da implantação deste serviço no Hospital Metropolitano de Várzea Grande dará mais uma opção à rede hospitalar de Mato Grosso.

Com a implantação das cirurgias neurológicas a capacidade do Hospital Metropolitano praticamente dobrará, prevê Liberali, visto que a grande Cuiabá passará a ter dois hospitais de referência para este tipo de intervenção. O outro é o Hospital Municipal São Benedito, em Cuiabá.

“Hoje, com o envelhecimento da população, e principalmente com o aumento absurdo do número de acidentes de trânsito, nós temos uma demanda muito grande de pacientes que sofrem traumatismo craniano ou tem derrames (acidentes vasculares) e que necessitam de atendimento de neurociurgia rápido e eficaz. Desta forma, o secretário Luiz Soares determinou que implantássemos este tipo de cirurgia para melhorar a prestação de serviço à população”, pontua o diretor técnico.

Avanço e economia

Para o diretor geral do Hospital Metropolitano, Alexandre Beloto, a implantação do serviço de neurocirurgia é de extrema importância para o Estado bem como para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). “É uma grande satisfação fechar esta parceria com o Dr. Wilson Novais, pois irá trazer um atendimento humanizado a população”, afirmou.

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