Gibas: a imponente fazenda do imaginário criança

A capacidade que as crianças têm de criar mundos à sua volta é fantástica. Trata-se de eficaz artifício para banir solidões atrozes na fase infantil. Isso inclui fantasiar animadas conversas com uma legião de amiguinhos imaginários [ou talvez não…}.

São esquisitices passíveis de entendimento apenas na visão criança. E elas acham estranho quando os adultos não compreendem…

Também pude criar alguns desses mundos maravilhosos durante meus solitários folguedos nas casas onde moramos em Montes Claros. Geralmente, casas velhas, destituídas de qualquer simpatia receptiva aos moradores, cujos quintais mais pareciam depósito de lixo.

Mal retornava do grupo escolar, eu corria afoito para brincar numa fazendinha montada no quintal. Foram várias propriedades, ao longo das incontáveis mudanças que fizemos. Meus pais não gostavam de parar muito num lugar só…

As fazendas, imponentes na minha visão, pertenciam a um rico fazendeiro, de nome Gibas. Ele só chegava à propriedade de avião particular, aeronave construída com pedaços de madeira que catava aqui e ali. Também os currais nasceram da mesma forma.

Gibas era uma espécie de coronel local, dono de muitas posses. Homem de ação, econômico nas palavras. Mas seus empregados não se queixavam dele, então podia ser boa gente.

Durante tantas e tantas brincadeiras, com fazendinhas montadas aleatoriamente em cada casa onde moramos, nunca precisei se Gibas merecia ser chamado de homem generoso. Igualmente, não deixei explícita sua personalidade no trato diário com as propriedades: se era afável, apesar de reservado, ou se a rispidez fazia parte do seu cotidiano.

O fato é que Gibas venceu por trabalhar muito, e suas boiadas cresceram de modo impressionante. Nesse ponto eu fui mais enfático: ele gostava de dinheiro, e a lida bovina propiciava isso. Brotos de manga simbolizavam os rebanhos das fazendas denominadas G (de Gibas).

 

 

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