Futuro presidente do BNDES quer atuar em parceria com setor privado
Assim será possível chegar ao desenvolvimento sustentável, diz Levy
Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro – O futuro presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, disse hoje (12) que a meta dos bancos de desenvolvimento não é substituir os agentes, mas trabalhar em parceria com o setor privado em diversas áreas para alcançar os objetivos da sociedade de um desenvolvimento equilibrado e sustentável.
Ao encerrar o seminário Cebri-BNDES Diálogos para o Amanhã, Levy çestacou que a maioria dos bancos de desenvolvimento está se reinventando, com uma série de inovações, principalmente na parte financeira, como ocorreu no Banco Mundial (Bird) nos últimos três anos, com programas para empréstimo a países mais pobres na África e na Ásia, acumulando um capital significativo para manter o ritmo de suas atividades.
De acordo com Levy, os elementos fundamentais para alcançar essa meta foram: clareza de objetivos, métricas e transparência, além do ajuste de mecanismos para entregar o que é esperado. É uma experiência universal nos bancos que vão se reinventando, disse Joaquim Levy. “E, certamente, é o que o BNDES já iniciou.” Ele acrescentou que esse processo terá continuidade em sua gestão.
Sustentabilidade
No seminário, realizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) em parceria com o BNDES, chamou a atenção do futuro presidente do banco o entendimento da contribuição que a instituição precisa fazer e da prioridade que o Brasil tem que ter em termos de sustentabilidade, economia e educação. “São temas bastante centrais em qualquer economia que deseja progredir e vicejar no século 21. E, em particular, em um país como o Brasil, que tem o setor agrícola extremamente importante, nós temos que estar atentos às condições inclusive ambientais”. Nesse caso, Levy citou o impacto de eventos climáticos extremos e como isso pode levar a uma retroação do desenvolvimento, com impacto nos setores mais pobres.
Para Levy, nos países onde a agricultura tem grande peso, é preciso estar atento a qualquer mudança que possa vir e a suas implicações. É o que ocorre na educação, em que não há respostas fáceis e é preciso continuar insistindo.
Também na digitalização da economia, Levy ressaltou que há um caminho de aprendizado. Ele citou a criação de hubs (locais que favorecem o surgimento de novas ideias) de inovação pode atrair desenvolvedores diversos com foco no produto que o país deseja atingir e disse que tornar o setor público mais digitalizado pode contribuir para melhorar a entrega de serviços, baixando o custo, sobretudo em lugares ou setores em que haverá uma natural evolução demográfica, com muitas pessoas se aposentando. Segundo Levy, as soluções digitais são uma maneira de enfrentar o problema do déficit fiscal.
O futuro presidente do BNDES reconheceu a importância do setor de infraestrutura, que tem impacto na produtividade do país. “Hoje, vivemos um momento em que a busca pela competitividade, com concorrência pela abertura da nossa economia, dá espaço para o setor privado, para as empresas nacionais, poderem respirar”, argumentou.
Transparência
“O nosso papel, em termos de desenvolvimento, é ajudar nos aspectos mais estruturais, mais fundamentais e, principalmente, junto com o resto do governo, criar as condições para que as pessoas possam desenvolver suas atividades, crescer, criar empregos, o que é a expectativa geral do país.”
Joaquim Levy destacou ainda que a transparência vai ser um elemento cada vez mais importante no BNDES, sobretudo em parcerias com órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU), que a promovem no Brasil, “inclusive para dar segurança, conforto a todo o corpo técnico extraordinário, para podermos realizar os sonhos de todas as pessoas, de um Brasil melhor”.
Permanência
O atual presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, disse que fez questão de que seu futuro sucessor participasse do seminário para dar uma demonstração de que a instituição permanecerá.
“As gestões se sucederão, outros gestores virão, a nossa diretoria também será sucedida, outros diretores virão. Mas a instituição continua e, acima de tudo, continua o nosso país, país que, nós temos convicção, tem lugar de destaque no mundo e pode superar todos os grandes desafios que foram colocados aqui hoje; superar suas deficiências em infraestrutura, em segurança jurídica, deficiências na qualidade regulatória, deficiências no desenvolvimento do mercado de capitais”, afirmou Oliveira.
Para Dyogo Oliveira, o Brasil tem condições de superar esses desafios, como já superou tantos outros. Ele ressaltou que, não muito tempo atrás, a situação econômica brasileira era muito frágil, mas que, agora, a transição pode ser feita com tranquilidade, com o próximo governo assumindo um país “razoavelmente estabilizado e com grandes desafios na área fiscal”, mas em condições de governabilidade.
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