Evento celebra a diversidade sexual e os direitos da população LGBTI

Mel Mendes | GCom-MT – No dia 28 de junho é comemorado o Dia Internacional o Orgulho LGBTI, data que relembra as lutas, celebra as conquistas e debate os desafios ainda enfrentados diariamente por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e pessoas intersex. Em alusão à data, o Governo do Estado, em parceria com entidade representativas do segmento, promoveu uma Celebração Pública com o tema ‘A felicidade de ser eu: orgulho, prazer e vida’.

A celebração contou com o apoio das Secretarias de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc), Segurança Pública (SESP), Trabalho e Assistência Social (Setas), Saúde (SES) e Cultura (SEC) e foi realizada no auditório do Salão Nobre Cloves Vetoratto, no Palácio Paiaguás. Em preparação ao evento principal, a SES e a SEC realizaram encontros prévios denominados ‘Dia da Visibilidade LGBTI’, com rodas de conversa com o público interno sobre o tema.

Segundo o coordenador estadual da Aliança Nacional LGBTI, Menotti Griggi um dos organizadores do evento, o objetivo principal é fomentar o diálogo com o poder público e esclarecer a população sobre as demandas e direitos da população LGBTI. Para ele, realizar o evento dentro da sede do Poder Executivo é de grande importância simbólica para o movimento.

“É inédito e importantíssimo estarmos aqui dentro, ocupando esse espaço publico com nossa pauta e falando sobre políticas publicas. O Governo do Estado tem feito a sua parte e estarmos aqui demonstra que estamos avançando, dialogando com os servidores, gestores e com as secretarias”, avaliou o ativista.

A conselheira do Comitê Nacional de Educação em Diretos Humanos (CNEDH), Daniela Veiga, falou sobre a importância da representatividade. Para ela, a ocupação de espaços dentro do serviço público e da política, inclusive ocupando cargos eletivos, é essencial para a construção de políticas pública efetivas e garantia de direitos da população LGBTI.

“Queremos uma educação de qualidade, laica e inclusiva. Queremos acesso à saúde de qualidade, que nos contemple e respeite. Queremos emprego digno e renda. Queremos ter segurança e o direito de ter um atendimento humanizado quando chegamos na delegacia. Mas queremos também desenvolver projetos de nação e ajudar a construir um país e um Mato Grosso melhor para todos”, explicou a travesti, que também é servidora da Setas.

Educação para a Diversidade

Já a coordenadora da Associação das Mães pela Diversidade de Mato Grosso, Josi Marconi, defendeu importância da educação para a construção de uma cultura de respeito à diversidade. Ela defende a inclusão de questões de gênero e sexualidade na grade curricular da educação básica para combater preconceitos.

“Eu sempre digo que educação é um dos pilares para combater o preconceito, já que é muito amparado na ignorância. Se você tem uma temática de gênero nas escolas, você vai ensinar para essas crianças desde pequenas a respeitar o diferente. Além disso as crianças  LGBTI vão se identificar, vão ser acolhidas, vão se sentir mais seguras, não vão sofrer bullying na escola e, consequentemente, não viverão com medo”, afirmou.

Ela conta que a Associação recebe diariamente ligações de pessoas, principalmente adolescentes, que pensam em suicídio por terem medo de assumir sua orientação sexual. “É muito difícil encarar e perceber que nesse mundo ser diferente pode causar a sua morte, pode fazer  você sofrer violência ou ser expulso de casa. É um sofrimento. A gente conversa, orienta, acolhe, encaminha para os profissionais e mostra que ser diferente é parte da natureza humana. Nosso objetivo é mostrar que o preconceito pode ser vencido pelo amor”, completou Josi.

Combate à Homofobia

De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia (GGB) a cada 19 horas uma pessoa LGBTI é morta no Brasil. O país lidera o ranking mundial de assassinatos de travestis e transexuais. Em Mato Grosso, o Grupo Estadual de Combate aos Crimes de Homofobia (GECCH), organização ligada à Sesp, registrou 70 homicídios com motivação homofóbica em todo o Estado entre 2011 e 2017.

Segundo o secretário do GECCH, Major Ricardo Bueno de Jesus, este número pode ser ainda maior, considerando a subnotificação de casos de violência contra a população LGBTI. “Sabemos que muitas pessoas tem medo de denunciar ou não se sentem à vontade para formalizar a denúncia devido à burocracia ou despreparo de quem os atende. Trabalhamos sempre no sentido de incentivar as pessoas a denunciar . Nós procuramos dar suporte às vitimas e qualificar os agentes de segurança pública para acolher os LGBTI, sobretudo para que esse público possa ter confiança no sistema de segurança publica”, esclareceu o major.

Em quatro anos foram o GECCH capacitou mais de 300 servidores da segurança pública do estado sobre a humanização do atendimento ao público LGBTI, incluindo Guarda Municipal de Cuiabá e Várzea Grande, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros.

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