Dia das Bruxas (Halloween) já perde longe para o nosso folclórico “Saci Pererê”

Neste 31 de outubro – ao contrário do que acontecia há anos no solo pátrio -, extensa faixa do território brasileiro se encontra em agitada movimentação festiva para saudar o ‘DIA DO SACI’, não o Dia das Bruxas, Halloween. O Saci éum dos mais populares integrantes do folclore tupiniquim. Ou seja: oficialmente falando, o Saci Pererê comemora hoje o seu dia em vários estados, à exceção de Mato Grosso. Foi vetado nas terras de Rondon em prol de inexplicável primazia direcionada ao Dia das Bruxas americano.

A iniciativa de instituir o DIA DO SACI em Cuiabá (no dia 31 de Outubro) partiu do vereador Dr. Xavier,  projeto retirado de pauta após contestação veemente de grupos distintos. Argumentou-se isoladamente que essa proposta parlamentar impactava conceitos religiosos e instituições sociais em geral, contrapondo-se às reais necessidades inerentes ao município.

Para o vereador Dr. Xavier, sua iniciativa foi contextualmente mal-interpretada, pois é importante – sublinhou – também preservar a cultura brasileira, “riquíssima em todos os detalhes”. Em nenhum momento, na análise do parlamentar, ele minimizou as demandas sociais e estruturais do município em detrimento do projeto “DIA DO SACI”. “Mesmo porque são demandas que trabalho diuturnamente, com vários avanços importantes. Mas, no meu entendimento, valorizar culturas destoantes às brasileiras equivale a menosprezar nosso folclore. O saci é apenas um dos elos culturais de forte conhecimento popular: existe um sem número de figuras e lendas interessantes Brasil afora.”

O parlamentar salienta que, “enquanto a figura folclórica do Saci é expurgada em Cuiabá, deixando de se constituir num precioso referencial cultural no calendário oficial do município, “as nossas crianças ainda se fantasiam para comemorar o halloween – Dia das Bruxas”. E concluiu: “É o que denomino de lamentável equívoco à legitimidade cultural do povo brasileiro”.

Ele garantiu que as comemorações alusivas ao DIA DO SACI têm sobrepujado o Dia das Bruxas em dezenas de municípios que instituíram o 31 de outubro como substituto oficial dessa cultura americana. “Nesses lugares, espalhados nos quadrantes do Brasil inteiro , o inquieto negrinho de gorro vermelho, saltitante de uma perna só e pregador de peças inofensivas, é incontestavelmente o preferido da população”.

Idêntica opinião é compartilhada por distintos educadores, incluindo pais: “Apregoar importância comemorativa ao Dia das Bruxas é implodir conscientemente nosso potencial cultural”, definem.

A conclusão óbvia é a seguinte: entre reverenciar uma lenda nacional e uma cultura além oceano, há quem preconize sua própria inteligência e faça valer seu poder de distinção. Mesmo porque a fumaça intermitente do cachimbo do carismático Saci não interfere na lógica de raciocínio sobre nossos reais valores.

Por João Carlos de Queiroz