Desligue o celular. Pronto: você agora é mais feliz!

Por João Carlos de Queiroz – Há uma maneira prática de você conseguir ser menos estressado: desligando sempre o celular. Exatamente. Desligue esse irritante aparelho quando bem entender, sem aviso prévio aos seus contatos, e, melhor, sem se preocupar em estar perdendo algo importante. Porque, mais importante é o seu bem-estar, incluindo aí uma paz de sossego duradouro. O tempo exato em que seu celular estiver às escuras, silencioso, sem expor você à curiosidade e sentimentos às vezes perversos de quem você imagina serem amigos leais.

Tenho feito isso constantemente, e sequer tenho tido o cuidado de agendar (pra mim mesmo) os dias e a quantidade de horas em que meu celular vai ficar indisponível. Não serei assim incomodado por quem quer que seja, apesar da braveza de alguns mais íntimos em registrar mensagens (que lerei mais tarde) do quão indignados ficaram com meu sumiço.

Na verdade, ninguém admite que você não esteja disponível para ouvir babaquices e ler cansativas mensagens de autoajuda e piadinhas de estilo arcaico, quase lembrando a época das chanchadas exibidas nas telas de cinema do País, num pretenso esforço comediante. Figuras como Grande Otelo fariam mais sucesso agora do que lá atrás…

Sem pestanejar, desligue então o celular, e jamais associe este ato de incomunicabilidade temporária online a tragédias, quando irá pensar que alguém pode precisar do seu socorro, ou que morreu a tia, irmão, filho, etc. Desligue o tira-sossego e vá dormir, relaxe; faça isto cônscio de que a vida não mudará seu curso só porque você quer paz e a turma do sem-que-fazer não admite ser bloqueada nessa inesgotável sanha de chatura, inclusive madrugada afora…

Ademais, meus amigos, notícia ruim encontra você em qualquer lugar, não se preocupe. A Rádio Peão não existe apenas em novelas, é fato na vida real, e bastante comum, por sinal. É por ela que você irá saber {depois} que tudo continua exatamente como sempre foi, à exceção de que, nos prazerosos momentos de celular desativado, não escutou nenhum aviso musical de mensagens aportando. Elas só se manifestarão – militarmente perfiladas – quando religar essa coisinha tão popular. E aí é outro teste de paciência pra suportar a carga de campainhas sucessivas dos internautas crônicos. “Sumiu… Tenho boas novas!”, dirá a maioria. A típica isca para que retome o ardor de conversas tecladas ou gravadas…

O conselho acima também vale para outros tipos de aparelhos que congregam sistema de mídia eletrônica e abrigam ruidosas redes sociais. Não hesite em deletá-los da mesma forma, pois sua longevidade útil, algum dia, vai depender disso. Espero que todos os pecaminosos usuários dessa moderníssima tecnologia ainda estejam lúcidos para comprovar que valeu a pena…  

Assim, identicamente ao que fez com seu celular, desligue computadores de mesa e mesmo os portáteis, cobrindo-os com uma capa preta, para que se tornem invisíveis aos seus olhos e deixem de ser pura tentação. Esqueça que eles existem, que estão disponíveis para abrir o palco do mundo aos seus olhos e coração emotivos, principalmente nos finais de semana, dias de consentida liberdade. Mas só se você quiser desfrutá-la na sua integridade sadia, lógico, sem se converter em mais um dos bilhões de vassalos de celular e outros aparelhos similares que existem nos quadrantes do Planeta Terra.

……………………………………………………

OBS: Sem querer adentrar numa prolixidade redundante, flagrei-me há pouco saudoso da época em que corria para atender o telefone 9770 afixado na parede de nossa casa, no Bairro Edgar Pereira, em Montes Claros, Rua Cravina. Dali, ligávamos para a Telefônica local pedindo interurbano (ligações completadas após horas de espera). Muitos e muitos anos após, imaginei que o telex fosse o grande avanço da Humanidade, época em que as novelas no Brasil eram ouvidas, não assistidas. Só não imaginava que fosse sentir nostalgia dessa rusticidade de comunicação e mobilidade que vivenciamos por considerável período, a ponto de o Brasil ser apelido de “País das Carroças” pelo então presidente Fernando Collor de Mello; “caçador de marajás” que terminou sendo cassado…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Comentários estão fechados.