Carismático, Papai Noel cuiabano orgulha o Brasil por difundir cultura

Mineiro de São Gonçalo do Abaeté, o professor/historiador Clovis Matos há décadas desenvolve um notável projeto de inclusão literária em Mato Grosso. O trabalho cultural consiste na distribuição gratuita de livros e palestras nas comunidades da Baixada Cuiabana e em outros municípios do Estado. E como já se tornou tradição anual no mês de dezembro, véspera natalina, ele assume a lendária figura de Papai Noel; missão facilitada pela longa barba branca e a incrível serenidade latente em sua voz, gestos e olhares. Clovis, sem dúvida, é um cidadão do bem com "B" maiúsculo, pois faz por merecer contínuo reconhecimento da sociedade, em geral

O historiador Clovis Matos – notório Papai Noel cuiabano possui uma visão diferenciada a respeito de aspectos que conflitam a coexistência pretensiosamente harmônica dos povos. Desde a idade adolescente, antes mesmo de se tornar acadêmico, o carismático professor da Universidade Federal de Mato Grosso já se preocupava com aqueles que querem acessar algum conhecimento e encontram dificuldades.
Clóvis descobriu na distribuição gratuita de  livros o “caminho das pedras”, transformando essa ideia numa pirâmide de fácil acesso aos interessados.
Em resumo, Clovis é um sonhador que conseguiu tornar realidade palpável um projeto genuíno de inclusão literária. Afirma que faz isso por amor ao semelhante carente e ao próprio Estado (MT) que o adotou, após deixar as terras mineiras. E salienta que simplesmente ignora as turbulências que costumam se interpor no seu caminho idealista. Os avanços coletados no referido projeto denotam que está certo.
No geral, a história desse humilde professor é simples, lindíssima. Teve uma infância normal, de convívio amoroso com pais e irmãos. Na juventude, esforçou-se para concluir os estudos universitários; depois, formou família, concebeu filhos, hoje já adultos. Clovis é amante nato da natureza e de tudo no seu entorno. Homem que aprecia a concepção da vida na máxima simplicidade.

No quintal da casa em que reside, imóvel cedido por amigo, o nada sisudo professor exibiu os livros que recebe de doação e {maioria} que adquire com recursos próprios, utilizando seus proventos de professor universitário. Investimento qualificado de promissor, na sua avaliação. “Investir em cultura é garantia antecipada de vitória”.

No ato de nossa visita, muitos desses livros ainda estavam acomodados no espaço dos bancos traseiros de sua velha Kombi (VW). Veículo que, durante anos, Clovis utilizou para levar o hábito da leitura às comunidades mais carentes de Mato Grosso. Como pretendia ir mais além {e não detinha estrutura logística veicular}, a montadora Nissan o presenteou com uma caminhonete zero KM, em 2018.

No dia a dia, o professor Matos vive modestamente, conforme costuma frisar. Não credita solidão ao seu estilo aparentemente recluso, “porque ninguém está sozinho quando tem livros por perto”, argumenta. Aproveita cada minuto livre para se dedicar à amplitude do projeto literário que abraçou com entusiasmo juvenil.

 

Foto Blog do Tomaz

Clovis também é cinéfilo contumaz, amante de cinema, enveredando-se em incursões distintas na área cineclubística da Universidade Federal de MT Confessa sem preâmbulos ser apaixonado pela Sétima Arte, e tem desenvolvido uma série de atividades nesse segmento artístico: roteirista, diretor e produtor de várias películas. São produções centradas no cotidiano das comunidades mato-grossenses e em temas ligados à cultura local.

Agora, Clovis Matos ressurge novamente na popular figura de Papai Noel, distribuindo presentes à criançada com expansivos Oh, Oh, Oh!”, saudação típica do Bom Velhinho. Mas o maior presente, convenhamos, é tê-lo mesmo entre nós. É conclusão universal de quantos  quantos conhecem a trajetória brilhante desse monstro cultural.

Por João Carlos de Queiroz, jornalista 

 

 

 

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