Brumadinho-MG: toda honra militar é pouca para os nossos bombeiros heróis

Depois que os militares israelenses partiram, 31.01., houve uma equívoca (e dispensável) sensação de desamparo numa minoria de desinformados em Brumadinho-MG e País afora. A verdade é que a vinda – e atuação – do grupo de Israel em solo brasileiro deixou muito a desejar. Aliás, frustrou 100%  as equipes locais empenhadas diariamente nos trabalhos de resgate das vítimas, tragédia decorrente do estouro da barragem da Mineradora Vale.

Há, agora, quem indague “qual foi mesmo o motivo” da vinda de tantos militares israelenses ao Brasil e toda aquela parafernália de equipamentos embarcada no jato do Exército de Israel, anunciada com pompas na mídia nacional e internacional. Tudo indica que foi quase um passeio de “estende-mão” e rápida solidariedade, por parte do governo daquele país. “Vocês não estão sozinhos”, seria essa a mensagem explícita no propalado desembarque da tropa militar procedente de Israel . Anunciou-se muito para não se fazer absolutamente nada.

Problemas persistem – Se não podemos contar mais com os militares de Israel – que pouco fizeram -, destacamos aqui a importantíssima participação ininterrupta das instituições de Segurança Pública de Minas Gerais (Polícias Militar/Civil) e dos nobres bombeiros mineiros e de outros estados. Grupos literalmente enfronhados no lamaçal que ainda guarda dezenas de vítimas fatais em Brumadinho.

As atividades dos bombeiros têm início ainda de madrugada, estendendo-se às primeiras horas da noite. Não é um trabalho comum, de mera observação, mas, sim, um real “abraço lamacento”: eles rastejam no “mar de lama” por horas seguidas, na tentativa de localizar corpos. Muitos já estão intoxicados pelo rejeito de minério impregnado no lamaçal (que se assemelha a uma areia movediça). Movimentar-se por ali, sem cordas, é suicídio: a pessoa afunda a cada movimento.

Esse sofrido rastejar dos bombeiros na região tomada por lama tóxica é auxiliado por helicópteros. São efetuadas um sem número de manobras rasantes diárias e extremamente perigosas para o desenvolvimento dos trabalhos. Muitas aeronaves chegam a tocar o lamaçal durante o desembarque e embarque, e no acompanhamento da verificação móvel (rastejante) dos bombeiros em áreas distintas da região.

Na igreja da comunidade, moradoras voluntárias improvisaram uma lavanderia para desintoxicar os uniformes dos bombeiros. A área frontal à igreja também é sede operacional da equipe aérea, com movimento incessante de helicópteros. A ajuda humanitária tem chegado de toda a parte, incluindo doação de roupas, alimentos, remédios e prestação de serviços. Palmas para essa importante iniciativa.

Revisão necessária – Antes da meia-noite, toda a frota de helicópteros do Corpo de Bombeiros é revisada minuciosamente, a fim de estar pronta para decolar antes de o Sol despontar de vez, levando os grupos que deslizarão, mais uma vez, pela lama tóxica. A proximidade com o produto compromete até o funcionamento das máquinas, podendo causar panes. As revisões noturnas objetivam justamente evitar ocorrências do tipo.

Desde o início do resgate, muitos bombeiros {que têm real contato com a lama} já foram hospitalizados, altamente intoxicados. Para eles, a tragédia de Brumadinho tem sido reprisada no dia a dia, misto de esforço físico, prostração, contaminação e rompante emotivo na localização de cada vítima. Não tem sido uma missão fácil: são seres humanos que se compadecem da perda de seus semelhantes.

Dessa forma, nós, do site www.veiculosdahora.com.br, também prestamos uma homenagem especial a todo o grupamento militar e civil que ainda permanece atuando em Brumadinho. Sugerimos que seus integrantes também sejam ainda mais homenageados no encerramento dos trabalhos. O respeitável jornal Estado de Minas já prestou uma excelente homenagem aos nossos heróis fardados, edição do último dia 29. Homenagear quem ainda está dando tudo de si, em prol do próximo, é um dever coletivo da Nação.

De parabéns, portanto, os nobres bombeiros e demais instituições de governo e civis envolvidas no resgate de corpos e apoio aos moradores em Brumadinho!

Por João Carlos de Queiroz, jornalista Mtb-381.18-MT – editor-geral