Recentemente revitalizada pelo prefeito Humberto Souto, a Praça Doutor Chaves readquiriu o antigo título de cartão-postal de Montes Claros-MG, tornando-se ponto de atividades saudáveis da criançada e visitação obrigatória.
Isso vale para quem chega à cidade, afoito por novidades, ou simplesmente é morador antigo, desejoso de curtir as amenidades gratuitas locais, expostas no receptivo quadrante retangular.
Nada é mais prazeroso agora do que esticar as canelas em algum dos bancos espalhados ao longo das alamedas da popular Matriz {conforme é mais conhecida}, permitindo franco deleite do seu verde pródigo, estendido em todas as direções…
Soma-se a esse contemplar descompromissado a absorção prazerosa de envolvente perfume, aroma oriundo da profusão de flores multicoloridas ali cultivadas. É um dos shows permanentes a qualquer momento, disponível para quem adentra na tradicionalíssima praça.
Literalmente, a Matriz ressuscitou, protagonizando a figura bíblica de Lázaro ao deixar andando o túmulo de pedras. Pois foram anos em que a praça ficou estranhamente enjaulada atrás de tapumes, sinalizando estagnação das obras projetadas pelo município; revitalização frequentemente cobrada pela comunidade.
Muitos, por sinal, já evidenciavam total descrença no olhar e nas palavras ao falar desse projeto, rotulando-o de utópico. Nem acreditavam mais que as cortinas do persistente abandono seriam descerradas um dia…
Felizmente, para alegria dos conterrâneos, há meses os grotescos tapumes viraram escombros, e a linda Matriz voltou a sorrir. Encontra-se esplendidamente linda pela plástica de rejuvenescimento pela qual passou, com inegáveis pinceladas artísticas dos mestres projetistas.
Os montes-clarenses estão inegavelmente felizes por poderem aplaudir a entrega desse palco de exuberância natural ofertado pelo mais famoso logradouro público da city.
Extasiadas, a exemplo de shows concorridos, centenas de pessoas têm marcado presença na Matriz todos os dias, como se absorvessem, de forma cúmplice, as confissões mudas de olhares absortos no imenso espaço retangular. Cada um com seus segredos…
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Recordo que, nos anos 80, também contemplamos a Praça Doutor Chaves de um ponto privilegiado: das janelas do Jornal do Norte, os populares janelões. Ficávamos observando a rotina da Matriz, o vai-e-vem de pessoas em suas extremidades ou pelo lado interno. Uns andavam apressadamente, outros em passo frouxo…
O casarão dos janelões veio abaixo, foi infelizmente demolido, mas as janelas gigantes permanecem intactas, guardadas a sete chaves por Frederico Martins. Integram o elenco patrimonial histórico da revolucionária imprensa que o Jornal do Norte promoveu em Montes Claros e Norte de Minas Gerais, via empresários Américo Martins Filho e Antônio Santos.
No local do antigo casarão, está edificado um sobrado arquitetônico, também pertencente à família Martins. Será, anunciou Fred, a sede do futuro Acervo Américo Martins Filho, local de exposição do Museu de Carros (fundado por Américo Martins) e de acesso histórico à evolução da imprensa tupiniquim.
*O Jornal do Norte é destaque natural na sede do Acervo Américo Martins pelo legado modernista que impôs na área de imprensa escrita.
João Carlos de Queiroz, jornalista (ex-repórter do Jornal do Norte)
Foto: Acervo Américo Martins