Redação Site – Mais uma Copa do Mundo chegou, impondo convocação festiva. E, mais uma vez, o povo brasileiro entra de gaito nesse redemoinho efervescente, incontrolável agito emocional. Esquece-se de algo óbvio: o Brasil {da quase impunidade corrupta} há anos vive dias de intenso sufoco, sociedade massacrada por desmandos diversos, que impactam seu suado orçamento doméstico. Aí, para maquiar tais amarguras, lança-se pomposa competição mundial de futebol, e as pessoas, feito moscas, são atraídas rumo a uma luz ilusória de felicidade. Ornamento inútil para resolver quaisquer dos seus problemas.
No universo mundial, apenas uma minoria tem consciência de que o fôlego ganancioso dos cartolas do futebol ultrapassa a resistência física dos atletas que compõem essa farsa de encenação feliz. Nunca houve, na história da Copa, uma contrapartida justificada de apoio aos famintos mundanos a cada partida, igualmente iludidos nesse êxtase coletivo. São disputas futebolísticas vistas pela tevê e/ou apenas ouvidas em surrados rádios de pilha. Por vezes, único elo de comunicação em comunidades rurais longínquas, no caso do território tupiniquim.
“Há de se julgar, consequentemente, quem está certo ou errado em amanhãs que talvez nem aconteçam da forma desejada, somente por meio de insinuações alicerçadas em determinados fatos. Alguns, a bem da verdade, escancarados diante do nariz de um povo ainda crédulo em fantasias tão idiotas”
O futebol consegue envolver o mundo inteiro numa fábrica sonhos de invólucro sórdido, cujo único objetivo é abarrotar cofres insaciáveis dos seus manipuladores. A alegria de “Zé Povo”, bandeira insustentável, sempre esmaece bruscamente partir do apito final do jogo e do pipocar de foguetes festivos, ou mesmo do próprio silêncio sepulcral que emoldura as derrotas. A cada jogo, orquestram-se shows de irônica aceitação submissa por parte da massa assalariada de trabalhadores. Reais protagonistas desse espetáculo futebolístico. Infelizmente, também palco de eventuais mazelas, algumas providencialmente descobertas, outras não. Fatores que desmotivam também quem consegue subestimar o quadro nacional imperante de miséria, desemprego e fome, para torcer efusivamente.