Por Geraldo Gurgel – O turismo comunitário no Vale do Jequitinhonha, Norte de Minas Gerais, é um roteiro que aproxima o visitante da realidade e gera desenvolvimento com a troca de experiências e de serviços prestados aos turistas. A região considerada uma das mais pobres do Brasil contrasta com a riqueza cultural das “paneleiras” que transformam o barro em peça utilitárias e obras de arte. A região é um celeiro de trabalhos artesanais em couro, bordados, tecelagem, desenho, música, esculturas em madeira, cestaria e pintura, além do artesanato em cerâmica. Os turistas amassam o barro e aprendem com as artesãs a confeccionar, pintar e queimar as peças que serão adquiridas como lembranças da viagem. A gastronomia, história e vida rural são parceiras da imersão cultural do viajante.
Os resultados positivos com as bonecas de barro de Campo Buriti (MG) refletem a transformação proporcionada pelo turismo de experiência em diferentes destinos do Brasil. A diversidade cultural agrega valor em vários segmentos do turismo, gerando distribuição de renda e conhecimento tanto para quem visita como para quem recebe.
No Morro da Babilônia, entre Copacabana e o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, o turista vivencia as questões sociais de uma comunidade típica das favelas cariocas e participa de iniciativas criativas e sustentáveis, como o Favela Orgânica, de onde saem os alimentos servidos no almoço dos visitantes. É mais uma alternativa de geração de renda e mudança positiva proporcionada pelo turismo de base comunitária.
No Norte do país, os segredos e temperos da Amazônia fazem parte de um roteiro turístico comunitário no Pará que inclui a capital, Belém, e a Ilha de Cotijuba. A experiência multissensorial estimula os sentidos do visitante e o desenvolvimento comunitário. O passeio começa pelas cores e sabores das frutas, temperos regionais e essências do Mercado Ver-o-Peso, passando pelos atrativos históricos e as ruas arborizadas com mangueiras, além da música local e os encantos da Baia de Guajará com seus rios, igarapés, canais e 43 ilhas habitadas. Cotijuba é uma delas, onde os mistérios da floresta são acessíveis aos turistas. Além de curtir as praias, os visitantes participam de oficinas de artesanato e da elaboração de pratos típicos da cozinha paraense.
Outra experiência enriquecedora para o turista que visita a floresta amazônica é Alter do Chão, distrito de Santarém (PA). A partir da vila de praias de água doce com areias alvas e finas como o talco, o visitante navega pelos rios Tapajós e Arapiuns, afluentes do rio Amazonas e vão ao encontro de comunidades ribeirinhas. No cenário de igarapés, fauna e flora exuberantes, o turista faz uma imersão no modo de vida dos povos da floresta. O turismo comunitário é uma fonte alternativa de geração de renda e atividade transformadora, tanto para quem visita como para quem recebe o turista. Destaque para a cultura local com artesanato de látex e tucumã e a culinária indígena. Já o tempero humano do ribeirinho é o diferencial do roteiro que, ao final da viagem, faz o turista levar na mala e na alma a energia da Amazônia brasileira.
GRAJAÚ E BORORÉ – Na maior cidade brasileira, a realidade e o entorno do Grajaú e da Ilha do Bororé, nas margens da Represa Billings, estão mudando. A periferia da capital paulista oferece ao turista encontro com a natureza, agricultura orgânica, sustentabilidade, inovação social e arte. O roteiro alternativo propõe um mergulho nas iniciativas e experiências de uma outra São Paulo que espera um outro tipo de turista. Então, se animou com algum desses roteiros?