Torcedores da Croácia em São Paulo comemoram vitória da seleção

A vitória veio por pênaltis depois de um empate na prorrogação Por Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

A disputa por uma vaga na semifinal na Copa do Mundo do Catar entre a seleção brasileira e a seleção da Croácia, reuniu, hoje (9), a torcida adversária da seleção de Tite na sede da Sociedade Amigos da Dalmácia (região ao sul da Croácia), na zona leste da capital paulista. Os torcedores da seleção vice-campeã da Copa de 2018, na Rússia, e comandada pelo técnico Zlatko Dalic, assistiram ao jogo que aconteceu no estádio da Cidade da Educação, e comemoraram a primeira vitória sobre o Brasil em uma Copa. A vitória veio depois de um empate na prorrogação e o 4 a 2 nos pênaltis.

A artista independente Aline Bischoff, 26 anos de idade, neta de croatas por parte de mãe, estava radiante com a vitória, e sua crença é a de que, desta vez, a taça será vermelha e branca. Ela ressaltou que se o Brasil ganhasse a felicidade seria a mesma, porque o amor existe pelas duas nações.

“Mas depois de tanta guerra, tanto sofrimento, virá nossa primeira Copa. Estamos torcendo muito. A Croácia tem chance, jogou muito bem. Para mim torcer para a Croácia é uma forma de homenagear meus avós que vieram para o Brasil”, disse.

O professor Carlos Alberto Majer, 58 anos de idade, é neto de croatas e obteve sua dupla cidadania em 2007. Ele demonstrava seu coração dividido usando uma camiseta com as cores das duas bandeiras. “Eu uso essa camiseta para jogar bola nos domingos de manhã e faço questão de divulgar um pouco da cultura croata. Essa camiseta significa um coração que pertence a duas nações”.

Para ele, o jogo foi difícil como o previsto, porque são duas seleções bem consistentes. “Independentemente do resultado, a minha seleção sempre ganha, então eu já estou garantido na próxima fase. Estou comemorando do mesmo jeito. Na próxima semana estarei com a camisa da Croácia”, disse.

O empresário Gabriel Farac, 28 anos de idade, filho de pai croata, dedicou a vitória ao pai, que preferiu assistir ao jogo em casa. A homenagem vem devido à tradição e ao reconhecimento de que a história da Croácia sempre foi de muita luta e garra. “É um país que teve a independência muito recente, então isso só mostra que a força, a dedicação que a Croácia teve na história, é transmitida no jogo”.

Farac acreditava que a única chance de a Croácia vencer o Brasil era indo para os pênaltis, como aconteceu. Para ele, o Brasil é um time mais forte, mais jovem. Ele ainda disse amar o Brasil, mas ressaltou que tem orgulho por fazer parte da nação croata. “É o país que eu moro, que tenho meu emprego, minha empresa, só que a Croácia é o país da parte da família do meu pai e ver a vitória eu sei que deixa essa parte da família feliz, a parte da família que ainda vive lá”.

Ele ainda agradeceu aos brasileiros que estiveram na associação para assistir a partida. “Isso é muito gostoso, é muito esportivo, essa atitude de todo mundo se abraçar é muito gostosa. Eu desejo que cada vez mais os brasileiros possam conhecer a cultura do nosso país que é muito bonita também”, disse emocionado.

Brasileiro, Lucas Melo Dantas, de 31 anos de idade, estava na associação a convite do chefe, que é croata. Ele contou que estava esperançoso com a possibilidade de uma vitória do Brasil, pelo menos na prorrogação depois do gol de Neymar. Lucas disse que a experiência de assistir ao jogo em campo adversário foi inovadora e “um convite muito legal” do amigo.

“Infelizmente a Croácia veio no segundo tempo da prorrogação e acabou fazendo aquele golzinho chorado. Depois veio os pênaltis, e eu pensei, vamos garantir pelo menos nos pênaltis. Infelizmente não houve isso e a Croácia foi classificada e agora é irmos para casa lamentar. A torcida agora é pela Argentina, porque meu coração é América Latina. A gente respeita a América Latina”, disse.

Com a vitória, a Croácia entra em campo no novo mata-mata na terça-feira (13), às 16h, no Estádio de Lusail, contra a seleção vencedora de Argentina e Holanda.

A Copa do Catar é a primeira disputada no Oriente Médio e teve a participação de sete das oito seleções que já levantaram a taça. Pela segunda edição consecutiva, a tetracampeã Itália não conseguiu a classificação e Alemanha, Uruguai e Espanha já foram eliminadas.

O torneio está sendo disputado no fim do ano, e não no seu período habitual, meses de junho e julho, por causa do calor que faz no país sede durante o auge do verão no Hemisfério Norte.

Edição: Fernando Fraga

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