Quaresma: começa hoje período de práticas incomuns de religiosidade. Para quem tem fé, todo sacrifício é pouco…

Os 40 dias da Quaresma, considerados sacros, são também de temor em relação à prática de pecados comuns do dia a dia: consumo de bebidas, gula, etc. Mas existem outras restrições que os religiosos impõem a cada Quaresma...

Por João Carlos de Queiroz –  A Quaresma é um período de respeitoso recolhimento para quem tem fé em Deus e nos Seus princípios. Muitos cumprem longos ritos religiosos diários e adotam medidas extremas para si próprio e seus familiares, a exemplo da contenção de qualquer excesso à  mesa (gula), privação de determinadas tentações gastronômicas (carne, bebidas), cigarros, festas e por aí. Abstinência que simboliza penitência espontânea, marco de que existe respeito máximo a Deus e ao real significado da Quaresma, explicada no Google:

“Quaresma é a designação do período de 40 dias que antecedem a principal celebração do cristianismo: a Páscoa, a ressurreição de Jesus Cristo, que é comemorada no domingo e praticada desde o século IV. A Quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos”.

O fato é que a Quaresma tem suas estranhezas mais ou menos explicáveis, algumas com formato de incógnitas permanentes, pois tudo que envolve o Senhor é mistério. Os católicos, principalmente, têm declarado pavor de cometer qualquer deslize por ocasião da Quaresma, pois atribuem que “tal pecado” implicará em retorno de castigo triplicado, “repugnante profanação das Leis do Todo-Poderoso”. E assim redobram as atenções de vigília e orações durante a Quaresma…

Conheço um punhado de gente quer, por ocasião da Quaresma, sequer pratica sexo, entendendo ser essa uma das formas de purificação reconhecida do corpo e da alma. Outros adentram em jejum prolongado, à base de pão e água, e os reflexos da debilidade imposta ao corpo pela falta de alimento básico também são compreendidos como “aceitação divina do sacrifício do homem pecador”. Difícil dizer até onde a razão se entrechoca com a irracionalidade e comportamentos bestiais.

Para algumas instituições ditas religiosas, a Quaresma é vista de forma ainda mais rígida, e nenhum espanto se algum dos seus seguidores permanecer dependurado em ganchos afiados por horas seguidas, esvaindo-se em sangue, ou exigir que seja chicoteado diariamente. Também imaginam existir aí algum tipo de purificação do pecado da carne e garantia de maior proximidade ao Criador.

Vai ser difícil o homem compreender que o elo entre ele e Deus é imperceptível, apesar de concretamente presente. Nenhum sacrifício é superior ao da própria crença de que o Universo é fruto da criação de uma mente soberanamente superior, capaz de aniquilá-lo tão fulminantemente como logrou concebê-lo.

Lógico que os cientistas plantonistas estão em posição de rebate contínuo a teses semelhantes, impondo conceitos distorcidos daquilo que as religiões apregoam insistentemente. E temos de concordar com eles em alguns aspectos óbvios: nenhuma Eva nasceu da costela de Adão, e tampouco a serpente tentou Adão e Eva no Jardim do Éden, sucumbindo a inocência até então inexistente entre eles…

A Bíblia Sagrada (Edição Pastoral) explica isso de maneira mais detalhada em Gênesis (1.Origem do Mundo e da Humanidade): “A narrativa da criação não é um tratado científico, mas um poema que contempla o Universo como criatura de Deus. Foi escrito pelos sacerdotes no tempo do exílio na Babilônia (586-538 a.C)”. São conceitos que aguçam a meditação e reflexão acerca das coisas do mundo.

O certo é que os mistérios de Deus, conforme disse inicialmente, são infinitos, e nós, seres humanos, somos insignificantes resquícios de pó para defini-los na sua integridade plausível. Mas vale o presente recolhimento espiritual que a Quaresma impõe à livre concessão dos que têm fé e querem melhor aprimoramento dos destinos de suas vidas. Porque, sem Deus, é fato, jamais iremos a lugar algum!

 

 

 

manchete