Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro – O Polo Saara (Sociedade dos Amigos da Rua da Carioca e Adjacências), considerado o maior shopping a céu aberto da América do Sul, está com expectativas muito boas para o carnaval deste ano. “Para muitas lojas, o carnaval é muito mais do que o Natal”, explicou hoje (28) à Agência Brasil o presidente do Polo Saara, Eduardo Blumberg.
Segundo Blumberg, as vendas deverão crescer entre 8% e 10% neste carnaval. “É o que acontece todo ano”, explicou. Os acessórios que mais vendem são máscaras e enfeites para cabelo. Eduardo Blumberg afirmou que as vendas já estão aquecidas desde a quinta-feira (23) da semana passada. “Sábado foi excelente. As ruas estão muito cheias”.
O presidente do Polo Saara disse que os blocos de rua ajudam muito a elevar as vendas no período carnavalesco. “O bloco é muito importante porque alguma coisa para o comércio vai fazer. Se o folião não se fantasiar, pelo menos uma bermuda e camiseta vai usar”. Camisetas de blocos como a da Bola Preta já estão sendo ofertadas nas lojas. “O público vem direto”. Blumberg explicou que o Saara “é o maior polo de carnaval do mundo, disparado”.
Das 800 lojas que integram o polo, pelo menos 40% estão vendendo produtos de carnaval. O presidente do Polo Saara assegurou que o carnaval não enfrenta nenhuma crise. E garantiu que essa é a única época do ano que não tem crise para a Saara. “O pessoal compra porque gosta do carnaval”.
Comércio de rua
Em outras áreas da capital fluminense, a expectativa de receita com o carnaval, apesar de positiva, é bem mais baixa que na Saara. Pesquisa divulgada hoje (28) pelo Centro de Estudos do Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) revela que os lojistas da cidade do Rio esperam incremento no faturamento de 1,5% até o final do período momesco, em comparação ao ano passado.
A pesquisa foi feita com 400 lojistas, entre os dias 20 e 27 deste mês. A animação com o movimento nas lojas especializadas se deve, em boa parte, ao grande número de foliões que acompanha os 500 blocos de rua que vão desfilar pelos bairros da cidade. O presidente do CDL Rio, Aldo Gonçalves, acredita que as vendas de produtos para o carnaval devem contribuir para o faturamento do mês de fevereiro. “O que tem colaborado de forma significativa para o aumento das vendas são os blocos de rua, que não exigem fantasias padronizadas”, analisou.
Adereços e fantasias, tecidos, bermudas, shorts, moda praia, camisetas, além de sandálias, chinelos e tênis são os produtos mais vendidos até o momento. O preço médio das compras está em torno de R$ 100.
Foliões
Os foliões já começam a encher as lojas da Saara em busca de inspiração para as fantasias. Tania Soares foi com uma amiga comprar camisetas para o bloco em que desfila em São João da Barra, município do Norte Fluminense. O bloco é integrado por 12 pessoas. Na loja foi criada uma linha fantasia, a Fantamisa, que transforma camisetas em fantasia. Já Danielle de Barros gostou muito dos bodys (espécie de maiô) metalizados.
Em outra loja, Beatriz Nascimento preferiu os acessórios, com muito glitter (purpurina). Ela disse ter gostado muito também das saias de tule, mas ainda não decidiu em qual bloco vai pular. “Estamos preparando a agenda ainda”, disse, rindo. Os enfeites de cabeça, como arcos de unicórnio, sereia, Minnie têm tido boa saída, segundo os lojistas. Em relação às máscaras, Beatriz teme que devido ao sol quente que faz no Rio nessa época, seu rosto pode ficar marcado. Por isso, decidiu deixar as máscaras para uma outra ocasião.
E quem pensa que os homens não ligam muito para fantasias de carnaval está enganado. Diego Barbieri é prova disso. Ele e mais dois amigos foram hoje ao Saara procurando fantasias e acessórios carnavalescos para uma festa temática que farão no próximo domingo (2 de fevereiro), no bar que vão inaugurar em Campo Grande, zona oeste do Rio. Barbieri disse que estavam atrás de “barba, cabelo, peruca, para uma festa mais retrô”. Todos os funcionários do bar vão participar da festa, que terá uma roda de samba, além de carnaval, é claro.
Sambódromo
Na área da prevenção da saúde pública no carnaval para os foliões e turistas, a Subsecretaria de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses (Subvisa), vinculada à Secretaria Municipal de Saúde, está atenta às ações que têm de ser empreendidas para a melhoria dos processos de produção de serviços prestados no Sambódromo. Um desses processos diz respeito à fabricação de alimentos.
A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) vai enviar, ainda esta semana, lista de fornecedores para que a Vigilância Sanitária defina o planejamento das inspeções prévias da Operação Carnaval na Marquês de Sapucaí. A informação é do diretor Comercial da Liesa, Hélio Motta. A operação foi iniciada no último dia 21, em comércios da região central do Rio de Janeiro, e resultou em 18 infrações, cinco quilos de produtos impróprios para consumo descartados e emissão de 25 termos de intimidação com exigências a serem cumpridas em prazos determinados pela Subvisa.
Os números relativos ao carnaval do ano passado mostram o acerto dessas ações. As capacitações dos profissionais, entre os quais manipuladores de alimentos, pessoal da área da saúde e de embelezamento, como maquiadores, tatuadores e massagistas, aumentaram 25%, passando de 719, em 2018, para 891, em 2019; as inspeções também subiram 210%, evoluindo de 277, em 2018, para 848, no ano seguinte.
O superintendente de Educação da Subvisa, Flávio Graça, afirmou que as ações efetuadas no carnaval do ano passado resultaram em reduções expressivas. O descarte de alimentos, por exemplo, caiu 176% (de 138 quilos em 2018, para 50 quilos, em 2019). As infrações também diminuíram 23% (de 73 para 59, na mesma comparação). “Mas nosso maior ganho foi na redução dos riscos de alimentos consumidos. Em 2018, das 84 amostras coletadas para análise, 28 (35%) deram resultados insatisfatórios. Em 2019, das 61 amostras coletadas, apenas três (5%) foram insatisfatórias, uma diminuição de 30% em relação a 2018”.