Redação – Não passou de armação mentirosa, ainda sem justificativa aparente, o depoimento de uma menina de 11 anos à Polícia, quando disse ter sido violentada por 11 homens na última quarta-feira (18), após participar de baile funk em Praia Grande, região litorânea paulista. Já desconfiada das contradições observadas nos depoimentos da criança e de sua acompanhante, que se apresentou como “tia”, a Polícia resolveu ir a fundo nas investigações e levantou diversas controvérsias a respeito do caso, incluindo a realização de mais exames na suposta vítima de estupro, desta vez no Instituto Médico Legal. Assim, ficou constatada as inverdades que a menor havia apresentado como fatos reais.
Segundo o delegado titular da cidade, Carlos Henrique Fogolin de Souza, não constava no laudo do IML nenhum indício de que a criança pudesse ter sofrido violência de proporções tão agressivas, a exemplo de marcas. Ainda foi constatado, no mesmo exame, que a menina estava inclusive menstruada e sequer teve relações sexuais recentemente.
O pretenso estupro coletivo sofrido pela menina ganhou repercussão no último domingo, 22, ao ser atendida numa Unidade de Pronto Atendimento do município, com aparente quadro hemorrágico, oportunidade em que contou aos clínicos ter sido estuprada por vários homens. Os médicos da UPA concluíram que ela havia tido relações sexuais recentes, concluindo ser indício da ação do grupo estuprador. Diagnóstico prontamente derrubado nos exames periciais posteriores realizados no IML local.
A Polícia quer saber o motivo que levou a criança a mentir com tamanho alarde, declarações endossadas pela mulher que ela chama costumeiramente de “tia”, agora na mira investigatória. Foi também constatado que não houve nenhum baile funk na data citada pela criança e sua dita “tia”. Essa última, ao prestar depoimento, garantiu que a menina foi estuprada ainda dentro das dependências do imóvel onde supostamente aconteceu o baile funk.
Segundo essa mulher, os estupradores se aproveitaram do fato de que sua “sobrinha” ingerira bebidas alcoólicas excessivamente, fator impeditivo para que ela pudesse identificar os autores do estupro, apesar de contabilizar que foram exatamente 11 homens.
A mulher ainda disse que a criança não retornou à sua casa porque a mãe dela a expulsou, outra inverdade constatada pela Polícia após ouvir a genitora da criança. Trata-se de uma aposentada por invalidez, paciente de hemodiálise, com várias sessões mensais. À Polícia, a aposentada negou taxativamente ter expulsado a filha de casa e proibido seu retorno ao lar.
Atualmente, a menina está sob a guarda do Serviço de Acolhimento de Crianças e Adolescentes do município, enquanto a Promotoria Pública avalia seu grau de vulnerabilidade, por meio de psicólogos. Ela tem mais dois irmãos, que residem em outra casa.