Políticos são os melhores atores do mundo; e que se dane o povo!

Quem souber de alguma exceção, fineza avisar...

Mais uma vez, fui obrigado a desligar a televisão (Horário Eleitoral Gratuito) para não ouvir tantas balelas infundadas, vomitadas por políticos que pleiteiam ser eleitos ou reeleitos. A partir daí, fingem que trabalham pelo povo…

Para reconhecê-los, basta prestar atenção nos que aparecem visitando cidades e pessoas apenas no período de campanha, quando desconfiam que seu tapete pode ser puxado. Tornam-se um poço de gentilezas, quase um gênio da Lâmpada de Aladim, capaz de resolver tudo num flash mágico. Espertamente, nunca explicam por qual motivo não fizeram isso nos anos de inútil mandato…

São os mesmos que evitam os eleitores de todas as formas. Denotam impaciência, rispidez e alegam mil compromissos que se sobrepõem à mínima atenção com aqueles que os elegeram. Este tempo só surgirá na proximidade das eleições.

Esses são, sem dúvida, os mais peçonhentos, esbanjando sorrisos que fariam qualquer cascavel fugir temerosa.

Alguns são novatos, enquanto os veteranos, tarimbados por excelência, destilam oásis no seu projeto de governo. Conhecedores do ponto fraco do eleitor, derramam-se em lágrimas contidas, a fim de externar consternação aos dramas sociais do país.

O pior é que dezenas de milhões de brasileiros acreditam em tais figuras e contos da carochinha. As fábulas, quanto mais ousadas, tendem a encantar, tornando-se mitos de credulidade coletiva. 

Admiro, de certa forma, o talento artístico da classe política, que tem ludibriado a população sem nenhum pudor. É um dom a ser reconhecido, sim. Decididamente, é integrada por atores de primeira linha que dispensam doublés. O temor é de que esses não consigam ser tão exímios na interpretação do trabalho fictício que projetam nos palanques.

Não é raro muita gente chorar ao ouvir tanta “sinceridade” desses artistas…

Um dos tristes exemplos de como os políticos são insensíveis tem como reduto o próprio Planalto. Ontem (15), foi amplamente divulgado e criticado pela imprensa e economistas o pacote de cortes oficializado pelo governo federal para o Orçamento do próximo ano.

Por mais que o ministro Paulo Guedes tenha tentado se explicar, não convenceu: a foice de cortes atinge diretamente a classe mais carente do país. Que, por sinal, recrudesceu nos últimos anos.

Faltou, em síntese, sensibilidade do governo: os cortes são relevantes, impactando diretamente famílias paupérrimas do país e quantos não têm condições de bancar tratamento de saúde.

Programas cortados: a Farmácia Popular sofreu corte de 59% do orçamento. Um R$ bi e 200 milhões de reais. Impacto direto na saúde da população, aumentando casos de óbito, com redução drástica de intervenções cirúrgicas, internações, entre outras coisas. Foram cortados 51% dos recursos destinados aos programas de formação na Saúde.

A foi da insensibilidade governamental não poupou também os povos indígenas: corte de 59%. No setor de Habitação, antigo projeto Minha Casa, Minha Vida, rebatizado de Casa Verde e Amarela, o corte foi de 95% no Orçamento. O sonho da casa própria já era, virou pesadelo para quem tinha esperança de ter teto próprio algum dia…

Todo esse dinheiro cortado vai para o Orçamento Secreto, que faculta emendas bilionárias aos parlamentares sem exigência de justificar os gastos. Assim, enquanto senadores e deputados comemoram, os pobres – previamente desguarnecidos do mínimo suporte social que poderiam dispor no futuro -, amargam os dissabores de terem sido tão ingênuos ao acreditar em políticos…