Para jornal Le Monde, “Brasil é democracia em decadência”

Em editorial, maior jornal francês afirma que o que tem sido feito com Lula “mostra um espetáculo lamentável de um velho mundo político em decadência”

Da Agência PT de Notícias – O jornal francês Le Monde, um dos mais influentes do mundo, escreveu texto editorial em sua edição deste sábado (27) afirmando que a condenação de Lula a 12 anos e um mês de prisão, por corrupção e lavagem de dinheiro em um caso que faz uso como prova de um triplex do qual ele jamais fez uso e que nunca esteve em seu nome, é o novo capítulo da caótica história política do país desde oimpeachment da presidenta eleita Dilma Roussseff, em 2016.

entrega do passaporte de Lula aos agentes da Polícia Federal, na última sexta-feira (26), é “mais uma humilhação para o ex-sindicalista, símbolo da luta operária na Ditadura Militar, um dos maiores dirigentes do país e estrela de cúpulas internacionais”, pontua o periódico.

De acordo com  o diário francês, desde o impeachment de Dilma Rousseff, a situação do país só fez piorar. A saída da presidenta, diz o Le Monde, não serviu “à causa ética prometida pela operação anti-corrupção Lava Jato”, muito pelo contrário: “A desgraça de Lula mostra um espetáculo lamentável de um velho mundo político em decadência.”

O Le Monde lembra que, no mesmo momento em que Lula era condenado pelos desembargadores colegas deSérgio Moro no TRF4, o presidente Michel Temer, acusado de corrupção passiva, obstrução à Justiça, e participação em organização criminosa, participava da Cúpula de Davos, tentando dar um ar de normalidade à sua gestão.

“Até agora, o chefe de Estado conseguiu suspender os processos na Justiça que o visam negociando favores com parlamentares que também são alvo do Judiciário”, diz o texto, lembrando que pelo menos 45 dos 81 senadores foram indiciados por crimes variados.

Por fim, o jornal lembra que os escândalos de corrupção no país são dignos de um filme de segunda categoria, e que a imunidade parlamentar nada mais é do que um “grande cinismo”. Há alguns meses das eleições, o Brasil mostra a imagem de uma sociedade de castas, onde os dirigentes não obedecem às mesmas leis que os miseráveis, o que é indigno e perigoso para a maior democracia da América Latina, conclui o diário.