Para quem não gosta de futebol e de esportes, em geral, o cancelamento dos eventos, por conta do coronavírus, veio a calhar. O calendário esportivo mundial foi adiado há semanas, sem fixar possível data de retorno das atividades. Nos estádios desérticos de todo o planeta, o silêncio substituiu o clamor fervoroso das torcidas, atualmente organizadas apenas para tentar sobreviver à pandemia. É que o inimigo invisível pode estar em qualquer lugar, ameaça letal a classes distintas, independente do poderio econômico, ricos e pobres.
Esse é um ritmo de estagnação imposto mundialmente, cenário letárgico também visualizado no Brasil. Os clubes tupiniquins, com certeza, não vão aguentar manter salários e outros encargos anuais (aluguel, luz, água, etc…) sem realizar nenhuma partida. São elas que conclamam a presença maciça de torcedores e engordam o caixa das equipes. Rotatividade interrompida feito uma decapitação precisa.
Somente no Brasil, o impacto econômico da interrupção drástica dos jogos, causado pelo novo coronavírus, é ainda imprevisível. Alguns clubes já se preparam para rescindir contratos dos seus atletas, que, não fosse essa pandemia, seriam renovados automaticamente. O mês de abril é a data básica de renovação da maioria desses contratos, agora transformados em demissão.
Com o desemprego anunciado, já tem jogador pensando em mudar de atividade. Quem acumulou fortuna, não deve estar muito preocupado. Agora, para quem começou agora, a situação é desestimulante. Afinal, o retorno aos campos, da normalidade esportiva, assumiu concreto caráter utópico. A dúvida geral é se haverá mesmo algum amanhã promissor ‘depois’ do transcurso dessa catástrofe mundial. Os cientistas tampouco conseguem explicar se a sequência gradualmente gigantesca de óbitos do ardiloso coronavírus terá fim. Esse vírus vem fazendo explícito jogo de gato e rato com as autoridades em ciências biológicas.
Por João Carlos de Queiroz, jornalista