Há muitos anos, quando a Polícia e traficantes do Rio de Janeiro protagonizaram confronto bélico inédito no Morro do Alemão, eu estava na Cidade Maravilhosa participando de lançamento de novo modelo da Fiat. Hospedado num hotel luxuoso da Barra, atravessei a avenida frontal para um mergulho vespertino nas águas verdes [não azuis] do mar. Deliciei-me ao sentir a maciez da areia branquíssima, idêntica a um açúcar refinado.
Mal havia dado o primeiro mergulho naquelas águas geladas, surpreendi-me ao ver helicópteros militares e da Polícia Civil sobrevoando a área em manobras repetitivas. Não demorou e passaram vários carros blindados pela avenida, com vários soldados armados até os dentes.
“É uma guerra!”, foi meu primeiro pensamento ao calçar as sandálias, disposto a debandar dali.
Era um sábado, e eu só retornaria a Mato Grosso no domingo. Porém, diante daquilo, informei na agência instalada no hotel que embarcaria ainda naquela noite.
“O embarque será no Aeroporto Santos Dumont, senhor”, disse a moça. “O problema é que terá de sair mais cedo; irá junto com outros hóspedes. Vai perder o jantar do hotel…”
Respondi não ter problema nisso. Subi para banhar e fazer a mala. Não queria ficar nenhum minuto a mais no Rio!
Durante o percurso até o aeroporto, cruzamos pelo centro do Rio, que parecia 100% abandonado. Uma capital deserta, sem ninguém andando nas calçadas.
Já no aeroporto, dei de cara com a cantora Ana Carolina, e conversamos legal enquanto lanchávamos. Eu. Amor de pessoa! Nem senti falta do jantar maravilhoso do hotel.
Embarcamos pontualmente perto da meia-noite, e senti alívio ao escutar o barulho das turbinas ganhar força. Logo iríamos estar voando, que bom! Só que isto não aconteceu: o 737-800 desligou as turbinas e não tardou para um funcionário adentrar no avião, informando que teríamos de desembarcar.
“Infelizmente, o horário já não permite que o avião deixe este aeroporto agora à noite, só pela amanhã. Temos que acatar as regras aéreas. Vocês têm a opção de voar pelo Galeão. Providenciaremos transporte. Fineza desembarcarem”.
PROSSEGUE SEGUNDA PARTE…