Se comparado à aids, doença até então temida mundialmente, o novo coronavírus, travestido de figura temível da Morte com Foice, tem matado milhares de pessoas de forma fulminante. Isso acontece em questão de dias, e até horas. Mais de 350 mil pessoas estão infectadas nos EUA, com 15 mil mortos. Na Espanha, já são mais de dois mil mortos, registrando 33 mil casos. A Itália lidera casos de óbitos sequenciais. Mais mortes sucedem diariamente no Irã, África e em outros países.
Animais de estimação não são infectados e nem transmitem a doença aos seres humanos, é importante ressaltar (gatos, cachorros). Mas a recomendação do MS é evitar sair com os animais, a fim de que eles não tragam o vírus para casa nas patas ou no pelo.
Os sintomas do corona – doença originária da China, pelo consumo alimentar de morcegos – são distintos em alguns casos, mantendo-se praticamente em quatro escalas mais destacadas: dores no corpo, tosse, febre alta e asfixia. Alguns pacientes podem apresentar anomalias respiratórias que não necessariamente traduzem o contágio, apenas uma gripe comum.
Com o coronavírus, é fato, ainda não existe nenhum coquetel que possa reduzir seu pique assassino: após ser infectada, a pessoa já entra em processo gradualmente moribundo, com chances mínimas de que este quadro possa ser revertido. Poucos conseguem sair ilesos de sua rede letal, e quando isso acontece, apresentam sequelas graves na parte respiratória, somando-se à redução drástica do olfato e paladar. É uma das observações clínicas constatadas mundialmente desde o início dessa pandemia.
Diante de tanto poder assassino do coronavírus, a ordem é para que todos fiquem reclusos em casa, como se isso fosse garantia de que o coronavírus não adentrará nos lares. Mesmo a contragosto, os brasileiros optaram pela reclusão domiciliar, quarentena sem previsão de término. Passo a passo, medidas higiênicas vêm sendo cumpridas, com esterilização de objetos domiciliares, luvas, máscaras, etc.
O vírus precisa do ser humano para se proliferar, afirmam especialistas. Se uma pessoa estiver infectada e espirrar, ou “salivar” no rosto do interlocutor, a possibilidade de contágio é grande. Daí as instruções de que todos mantenham distância segura ao dialogar.
Hoje, funcionam apenas serviços essenciais em grande parte do país, inclusive na parte de transporte público. Até agora, 1.620 pessoas já foram contaminadas pelo coronavírus no Brasil, sendo registrados 25 óbitos. E mais casos vão surgindo no extremo do país, para preocupação das autoridades. Pandemia que motivou reforço nas instruções relativas às primeiras providências de socorro. O Exército se mobiliza para instalação de hospitais de campanha em várias cidades.
A instrução geral do Ministério da Saúde é para que as pessoas não corram para os hospitais, na eventualidade de registro de algum dos sintomas do coronavírus (febre, tosse, dores no corpo e falta de ar), mas que notifiquem de imediato o órgão sobre a situação observada. Cada caso será então analisado por médicos na própria residência do paciente, sendo tomada a a seguir as providências necessárias, de confinamento ou não.
Isso acontece porque já foram constatados incontáveis registros de gripe simples, interpretada pelos pacientes como coronavírus, o que vem originou desnecessária sobrecarga no sistema de Saúde. Foi destacado pelo MS que 55 mil leitos disponíveis no SUS não são suficientes para atender uma eventual contaminação maciça. Daí as recomendações para evitar aglomeração na rede pública hospitalar.
O Brasil já equivale, em termos de contágio com o coronavírus, ao processo que ocorre na Itália, ainda que a Itália tenha um terço da população brasileira. Porém, numa análise paralela, os gráficos demonstram estarmos numa linha perigosa. O fechamento de escolas, universidades e isolamento de idosos tende a diminuir os riscos de contaminação do vírus.
Essa epidemia começou há quatro meses na China, espalhando-se por 150 países. Cada pessoa que chega hoje à China, chinês ou não, fica de quarentena obrigatória num hotel por 14 dias. É importante impor medidas de emergência antes de ocorrer a emergência, recomenda o Ministério da Saúde. Ou seja: antecipar-se aos passos iniciais do vírus e à eclosão da epidemia. Medidas similares podem resultar numa grande diferença positiva nesse ciclo viroso, salvando milhares de vidas.
Por João Carlos de Queiroz, jornalista