Por João Carlos de Queiroz, jornalista – Hoje, Dia de Nossa Senhora da Conceição, os brasileiros se rendem à magnitude cristalina da Mãe de Cristo, detentora de denominações distintas no Brasil e mundo afora: Nossa Senhora de Fátima, Lourdes, Aparecida, do Bom Conselho, Guadalupe, etc… Todas, por meio de uma só Santa, concebem milagres extraordinários, da mais pura essência divina. Se você pedir com fé, Ela atende!
Infelizmente, uma minoria católica não entende o porquê de Nossa Senhora ser respeitada tão profusamente, e até mesmo merecer o posto de Rainha dos Céus. Outros, crédulos fervorosos, já prestam sistemática homenagem à Santa nos distintos lugares mundanos em que Ela se manifestou de forma singela, porém esplendorosa.
A triste verdade é que muitas curas e realizações praticadas pela Mãe de Cristo carecem de total credibilidade perante os olhos gelados da Ciência e, também, nas retinas céticas de avessos a qualquer tipo de religiosidade. Apenas quem conviveu de perto com problemas de ordem crônica, principalmente de saúde, tem uma visão diferenciada e inabalável acerca da capacidade milagrosa da Virgem Maria.
Sem esmiuçar a extensa relação de feitos da Santa, detalho a seguir duas experiências marcantes que testemunhei sobre Sua presença entre os pecadores humanos. Anteriormente, criança esquiva de orações, era incapaz de entender como a genitora de Jesus concebia tantas obras milagrosas. Para ser sincero, ficava meio confuso ao ver a quantidade de imagens de Nossa Senhora nas igrejas católicas e residências de devotos abnegados, algumas em trajes diferentes. “No céu deve ter guarda-roupas”, cheguei a imaginar.
Silenciosamente, ao lado dos pais, naquela época sempre participava de terços e Senáculos de Maria sem entender direito a repetição das orações, principalmente a Ladainha de Nossa Senhora. Já mais mocinho, fui incumbido, algumas vezes, de ser o protagonista oral dessas orações, e aí, assolado por nervosismo tímido, omitia ou trocava trechos do Pai-Novo e Ave Maria. “Tomara que Ela (Virgem) não perceba que esqueci…” – pensamento preocupante, pedido prévio de perdão.
Isso aconteceu na minha querida cidade mineira, Montes Claros. Anteriormente, quando tinha idade mais tenra, entre seis e sete anos, fiquei sabendo de uma aparição da Santa numa árvore da Praça João Catone, existente no final da Rua Marechal Deodoro da Fonseca. As crianças das redondezas contavam ter visto uma mulher linda, vestida de azul e branco, flutuando entre os galhos de uma árvore nativa da praça, radiante de luz. Alguns pequenos se aproximaram da Virgem, que abriu os braços e retribuiu a confiança dos inocentes com generosos sorrisos…
Creio que Nossa Senhora devia estar revoltada precocemente por saber que ali pertinho, anos depois, sanguinários da noite trucidariam o mendigo “Galinheiro”, morador dos altos passeios ao longo da Rua Marechal Deodoro. O pobrezinho foi massacrado com paralelepípedos enquanto dormia placidamente, imerso na inocência do seu desvario inofensivo. Crime que chocou Montes Claros. Eu próprio, adolescente, fiquei deprimido pela sinistra ocorrência, ao recordar as provocações infantis que direcionei ao morador de rua. “Galinheiro” saía do sério quando alguém o chamava assim. Criança peralta, sabemos, é terrível…
Já com carga de anos consideráveis nas costas, preparei-me para assistir ao enterro do meu irmão mais velho, que descobriu um câncer de esôfago no ano 2000. Fui visitá-lo em Belo Horizonte, quase para me despedir, pois sentia a evolução sedenta de morte da doença. O mano chorou copiosamente ao perceber que sua situação era evidente aos olhos dos queridos. Nem água concebia beber, pois dois tumores lacravam a passagem do líquido.
A pedido da tia-madrinha, resolvi pernoitar na casa dela, do outro lado da capital mineira, Serra. Antes de dormir, orei intensamente para que Nossa Senhora diligenciasse providências urgentes para barrar a angústia do mano, trazendo-o novamente à serenidade de um vivenciar saudável do corpo. Em suma: pedi que Ela banisse o câncer de esôfago nas suas entranhas, não permitindo que padecesse e partisse por causa disso.
Tive, então, alta madrugada, um sonho estranho, onde uma luz verde-clara varreu o interior de uma espécie de chaminé, que, no sonho, nada mais era do que a garganta do meu mano. Agradeci a Nossa Senhora pela cura, consciente de estar testemunhando isso. No dia seguinte, narrei o sonho à tia, captando seu olhar triste, mas de leve esperança. A família já tentara de tudo…
Eis que, ao nos dirigirmos horas após à casa do mano, no bairro Santa Terezinha, a esposa disse que ele aparentava estar bem melhor, e até tomou café e comeu dois pedaços de pão, dirigindo-se ao quintal pra molhar plantas. Não entendi nada, pois no dia anterior ele nem conseguia beber água. Tipo uma pia entupida…
“Seu irmão teve uns engasgos esquisitos durante a madrugada, pensei que ia morrer; depois, vomitou duas bolas vermelhas, similares a cerejas. Peguei aquilo com uma pazinha e joguei no lixo, coisa nojenta”, pontuou a companheira. “Devia ter guardado pra avaliação médica”, retruquei.
Por ser domingo, o mano decidiu ir ao oncologista na segunda-feira. O médico o consultou e realizou novos exames, constatando, via tomografia, a inexistência de nódulos cancerígenos no esôfago, presentes no exame anterior. Isso aconteceu em 2000, e meu mano está bem até hoje, não ocorreu nenhum indício de metástase, disseminação do câncer pelo corpo.
Nossa Senhora também resolveu um dilema meu: retirada de cisto sebáceo, sem necessidade de cirurgia. O cisto estava localizado junto à coluna dorsal, e doía muito, a ponto de impedir que apoiasse minhas costas na cadeira. Sem plano de Saúde, consultei-me numa policlínica, aguardando ser chamado pelo Centro de Especialidades Médicas para a realização do procedimento cirúrgico.
“Volte em 4 de dezembro próximo (2017)”, disse o médico friamente, ao recomendar que não mexesse no cisto, já do tamanho de uma laranja pequena. Quem pena à procura de atendimento pelo SUS – Sistema Único de Saúde sabe das dificuldades enfrentadas pelos seus usuários. Na verdade, o nome deveria ser: Sistema Único de Sacrifícios.
De volta ao apartamento, pedi, de mãos postas, que Nossa Senhora solucionasse meu dilema. Temia que o cisto causasse danos irreversíveis à coluna, em face da infecção instalada. Nos primeiros dias, nada percebi de alteração, e, dias mais à frente, constatei que o cisto desaparecera 100%, o que deixou amigos e parentes pasmos após apalparem o local antes inflamado. É como se ali nunca tivesse existido cisto sebáceo…
A proximidade de Nossa Senhora em minha vida não se resume a isso, mas a várias barreiras que foram solucionadas ‘magicamente’, pela Sua intervenção. A Mãe de Jesus, em que pese um rol de contradições científicas e opiniões contestatórias do Seu poder, é milagrosa potencial.
No Seu dia, só posso dizer AMÉM!, OBRIGADO!, PARABÉNS! e… rezar. Rezar muito!