O vereador Dr. Xavier afirmou hoje (11) que o “Dia do Negro” (13.05) “é todos os dias do Brasil e do mundo”. Ele disse ter orgulho de também ter sangue negro correndo em suas veias, a exemplo de qualquer brasileiro. “Racista é quem diz que é branco simplesmente porque a cor de sua pele, por vezes alva, não estampa sua essência negra. Sangue que a raça brasileira traz no corpo e nos traços e costumes. Isso porque a tradição afrodescendente é latente nos conterrâneos. Nós cultuamos muito dos povos africanos que aqui aportaram num passado distante, na condição de escravos, infelizmente. Humilhação e torturas que ainda envergonham toda a Humanidade, não somente o Brasil”.
Dr. Xavier citou que a Lei Áurea, que aboliu oficialmente a escravidão no Brasil, assinada dia 13 de maio de 1888 pela princesa Isabel, encampa controvérsias de fortes discussões na atualidade. “A princesa Isabel sancionou essa lei, pondo fim à escravidão, em apenas duas frases resumidas. Não havia preocupações intermitentes de sua parte em oficializar isso, como alguns tanto defendem. Resumindo: não era uma meta idealista da princesa. Foi quase um ato ocasional, porém importante, pois mudou uma condição desumana imposta durante anos aos negros. Teve, consequentemente, sua validade, apesar dos contratempos sequenciais à pretensa liberdade consentida aos negros. Motivo pelo qual muitos não comemoram essa data”.
Uma outra questão, citou o parlamentar, é em função do tratamento dispensado aos que se tornaram ex-escravos no País, praticamente extirpados do seio social, conforme afirmou a então ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). “São situações que nos forçam a buscar uma maior reflexão acerca de tudo isso, pois ainda não há justiça social para os negros no Brasil. O próprio mercado de trabalho impõe restrições à contratação de negros, priorizando as vagas para brancos ou estrangeiros. Sem falar nas remunerações, bem superiores à dos negros”, palavras da ex-ministra.
Dr.Xavier entende portanto que, diante de tantos questionamentos e falhas, quase inexistem motivos para se comemorar o Dia do Negro, “excetuando-se o grande valor da raça à qual todos nós integramos, com muita honra. Raça ligada, de forma intrínseca, àqueles que se julgam melhores pelo fato de ostentar uma cor branca. Não é por aí, somos todos idênticos perante Deus e os homens”.
NAS PRISÕES – O vereador ainda lamentou que a maior parte dos encarcerados no sistema prisional do Brasil e de outros países seja de cor negra, reflexo da injustiça social mundial, somando-se à quantidade exorbitante de jovens negros e adolescentes assassinados de hora em hora no território brasileiro, conforme dados estatísticos. “São dezenas de milhares durante o ano. Difícil dizer assim que há justiça imparcial, pois os negros continuam sofrendo injustamente, distorção alarmante. A escravidão negra está presente em várias nuances sociais, massacre que parece ter revoltante consentimento cego dos que se julgam superiores ao negro, o que é mais grave”.
João Carlos de Queiroz – Comunicação