Não dá pra namorar dentro de buraco lamacento…

Eis um título que sugere significado dúbio, até malicioso, mas não tem nada disso, não: na década de 70, fui parar dentro de buraco lamacento com minha motocicleta, a pequena Yamaha GT 50. Maquininha valente, apesar da pouca cilindrada.

Na garupa, levava uma inocente paquera; a menina jamais imaginaria poder “voar pra baixo” ao pedir um passeio de moto pela cidade. Por sorte, não nos machucamos, sequer um arranhão: o buraco, cratera legítima, tinha lama em abundância. Época chuvosa…

O drástico tombo, uma infeliz surpresa noturna, aconteceu quando adentrei em atalho pra ir a uma peixaria bem simples, próximo ao Parque de Exposições. Quem tocava o lugar era um amigo; assim, teria como dependurar a conta do jantar.

Só não esperava que, naquele inocente caminho, tivesse também um imenso sepulcro lamacento nos aguardando, momento em que fui acometido de repentino frio na barriga. A menina gritou estridente, e a motinha afundou feio no barro…

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Com dificuldade, conseguimos sair desse buraco. Os calçados ficaram enterrados lá no fundo da lama, enquanto a moto também quase afundou por inteiro. Por sorte, o amigo peixeiro tinha corda na sua caminhonete, e a pequena mini estradeira foi alçada horas depois. Batemos água e ela pegou fácil…

Por João Carlos de Queiroz