A sede da primeira concessionária Yamaha em Montes Claros-MG, a MOTORAMA, teve lugar na Avenida João XXIII, quase esquina com Rua Marechal Deodoro. Loja modesta, em formato retangular, inaugurada pelo meu irmão mais velho, José Antônio, então apaixonado por motocicletas. Também auxiliei na pintura desse imóvel, predominantemente de cor azul.
Para que MOC tivesse uma loja pioneira da Yamaha, entrou em cena a visão empreendedora da minha madrinha, Maria Neusa, na época uma das executivas do pomposo escritório dos Irmãos Pereira em BH.
Recordo que, inicialmente, houve certo receio dos meus pais em delegar tal função ao meu mano mais velho, que mal completara a maioridade. O temor era de que, entusiasmado pelas motos, ele se esquecesse de administrar o negócio. Foi mais ou menos assim…
Convicta do futuro investimento, minha madrinha sequenciou providências para montar a concessionária. Os contatos foram feitos diretamente com a diretoria da Yamaha no Brasil.
De sua parte, o mano exultava só alegria, antevendo os méritos que o cargo de representante oficial da Yamaha iria lhe proporcionar. A concessão foi autorizada sem maiores implicações burocráticas, já sendo anunciada pela Yamaha a primeira remessa de motocicletas para revenda (RD-125cc, FSI-50cc, YB-50cc e uma GT-50cc Mini enduro).
As motos desembarcaram na filial da transportadora Expresso Mineiro, empresa administrada por meu pai [Carlos Petronilho de Queiroz] em Montes Claros. Ele convocou o experiente Beto Chamone para auxiliá-lo a montar e funcionar as motos. O galpão da transportadora ficou lotado de gente curiosa.
Osmar Borborema, outro mecânico de motos da cidade, também esteve por lá, juntamente com Nélson Takaki, considerado um dos motociclistas mais experientes do Norte de Minas. Sua reluzente Jawa fazia sucesso.
Mesmo com dia chuvoso, asfalto da Avenida João XXIII quebradiço, as motos foram testadas. Ali eu tive minha primeira experiência de comandar uma máquina de duas rodas, nem sabendo passar marchas. Instruções dos veteranos ajudaram, e tudo ficou mais fácil.
Na sequência, a concessionária foi instalada no miolo da área central, na Rua Grão Mogol, debaixo de um predinho. Nova inauguração festiva, mas dessa vez bem irresponsável: com bebidas alcóolicas distribuídas fartamente, muitos testaram as motos já cambaleantes.
Igualmente na onda do entusiasmo geral, eu peguei uma YB-50cc e fui dar voltinhas pelos quarteirões, derrapando feio em frente à Igreja do Rosário. A moto quebrou uma seta, que vergonha voltar à concessionária e ter que admitir aquele deslize!