O compartilhamento de informações e a integração de missões são uma das estratégias utilizadas pelo Brasil e Paraguai para sufocar o crime organizado na fronteira. Operações espelhadas, como são chamadas a Operação Conjunta Ágata Oeste e a Basalto, acontecem simultaneamente nos dois países e são fruto do trabalho de inteligência das Forças Armadas, coordenado pelo Ministério da Defesa do Brasil (MD), em parceria com o Governo Paraguaio.
Desde o dia 01/09, a Operação Ágata Oeste, sob o Comando da Força Aérea Brasileira (FAB), emprega mais de 1,7 mil militares das Forças Armadas para combater crimes transfronteiriços nos 2.532 quilômetros da faixa de fronteira oeste do Brasil. Do outro lado da fronteira, tropas do Exército Paraguaio, que somam cerca de 1,9 mil militares, atuam sob coordenação do Comando de Operações de Defesa Interna das Forças Armadas do Paraguai na Operação Basalto.
O avanço das tropas em vários pontos da fronteira, como é o caso de Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero (PY), acontece de forma coordenada. Em duas ações na primeira semana de setembro, tropas do Exército Brasileiro (EB) e Paraguaio fizeram fiscalização simultânea em estradas vicinais dos dois países, que têm fronteira seca de mais de 460 quilômetros.
Durante inspeção às Forças Componentes da Operação Ágata Fronteira, no dia 09/09, no 11º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em Ponta Porã (MS), o Comandante do Comando Conjunto da Operação Ágata Fronteira, o Major-Brigadeiro do Ar Luiz Cláudio Macedo Santos, destacou a importância da parceria entre Brasil e Paraguai.
“O compartilhamento das informações nas operações espelhadas, como a Operação Ágata, no Brasil, e a Basalto, no Paraguai, nos dá uma segurança muito grande. Sem esse trabalho, em conjunto com as agências brasileiras, a operação não teria tamanho sucesso. Para nós, é uma garantia de que o trabalho coordenado e integrado cumprirá seu objetivo, que é coibir a prática de ilícitos na região da fronteira”.
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A estimativa dos dois países é que atualmente, com as operações acontecendo de forma simultânea, o escoamento da produção de maconha no Paraguai fique sufocado, gerando a “estocagem” de cerca de 450 toneladas da droga no país vizinho e facilitando a ação das forças de segurança paraguaias na apreensão do entorpecente.
Representante do Exército Paraguaio na inspeção, o General de Brigada Acuña, exaltou o trabalho conjunto com o Brasil para o avanço do combate ao crime organizado.
“Operações espelhadas, como a Basalto, são missões subsidiárias que realizamos pontualmente e que estão na nossa Política Nacional de Defesa. Nós estamos atuando contra ameaças emergentes, essa é uma realidade que o Paraguai está enfrentando. Estamos lidando com todos os eixos delitivos como crimes organizados transnacionais. Nós estamos aprendendo com o Brasil, especificamente com a Operação Ágata, a fazer um trabalho de planejamento detalhado para enfrentar essas situações”, disse.
O Exército Brasileiro possui poder de polícia na faixa de 150 km de fronteira, conforme previsão legal, e a fronteira entre o Brasil e o Paraguai tem sido historicamente uma área de intensa atividade, incluindo comércio, turismo e atividades ilícitas como o contrabando e o tráfico de drogas.
A cooperação entre os países, que também conta com participação da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), Ministério Público, Polícia Nacional e órgãos federais de controle de armas e de combate a crimes tributários, caminha para a expansão da parceria e entrosamento das forças dos dois países.
Operação Conjunta Ágata Fronteira Oeste
A Operação Ágata Oeste integra o Programa de Proteção Integrada de Fronteiras (PPIF), do Governo Federal, e é caracterizada por ações integradas entre a Marinha do Brasil (MB), Exército Brasileiro (EB) e Força Aérea Brasileira (FAB) e diversos órgãos de segurança pública e de fronteira, incluindo agências federais e estaduais. Essa colaboração visa garantir uma resposta coordenada e eficiente às ameaças na região.
Nesta edição, são utilizadas 12 aeronaves, 16 embarcações e 217 viaturas, além do satélite do Projeto Lessonia e da Aeronave Remotamente Pilotada Hermes RQ-900, que permitirá uma vigilância mais eficaz e abrangente da área de operação.
Fotos: Soldado Laube / CECOMSAER