Por João Carlos de Queiroz – Conheço um punhado de gente que quer ficar bilionária de um dia pra outro. Ou melhor: em minutos, tempo do sorteio das seis cobiçadas dezenas da Mega da Virada neste 31 de dezembro; prêmio recorde, acumulado em R$ 280 milhões. O único senão de toda essa história reside em dois pontos: a) é mais fácil uma pessoa ser atingida por um meteoro do que acertar essas dezenas; b) as chances se resumem a uma em 50 milhões.
O terceiro ponto, que não elenquei acima, é ainda mais complicado: há gente que simplesmente duvida da idoneidade desse sorteio, por causa de boatos veiculados nas redes sociais sempre que a CEF faz propaganda da Mega da Virada e as positivas implicações na vida do sortudo(a) que acertar as seis dezenas. Para começar, ele ou ela pode deixar de trabalhar, pois dificilmente irá conseguir gastar mais de R$ 1 milhão/mês, acaso invista o prêmio na Poupança, não necessariamente na Poupança da Caixa Econômica Federal.
Se os boatos insistem em ressurgir a cada final de ano, bombardeando as redes sociais, seria conveniente que a diretoria da CEF e/outras autoridades (a própria Polícia Federal) viessem a público para desmenti-los ou confirmar se há suspeitas de fraude nos sorteios da instituição bancária, que reúne um elenco diversificado de loterias oficiais. Então, pelo sim pelo não, também as demais estariam no rolo de supostas falcatruas alardeadas nas redes sociais e com presença esquálida na mídia.
Mas é final de ano, tempo de conceber planos distintos; delinear projetos não formatados para um período ainda desconhecido na mira de horizontes humanos. Talvez investir um pouco disso na Mega da Virada seja salutar, pois ameniza eventuais frustrações persistentes do ano que ora finda, e, melhor: estende generoso tapete vermelho, de sonhos azuis, à frente do próximo, o incógnito 2018.
Analisando a coisa por aí, compensa até jogar na Mega da Virada. Nem que cada solitário investimento financeiro seja pontinho invisível num imaginário céu de 50 milhões de estrelas mortas, onde apenas uma reúne as seis dezenas que milhões de brasileiros – iludidos ou não – almejam acertar. Feliz 2018!