Por João Carlos de Queiroz, editor-geral – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não cometeu nenhum pecado. Nenhum deslize. Jamais pensou em macular o sistema de gerenciamento das contas públicas, mesmo quando foi parlamentar e, na sequência, chefe da Nação. Lula é um eterno injustiçado, homem que sempre trilhou os caminhos da lisura política e administrativa. Uma pessoa do bem, transparente, temente a Deus e acatador das leis humanas. Sua condenação a 12 anos e um mês por corrupção e lavagem de dinheiro foi arbitrária, injustiça deslavada. O Brasil inteiro derrama lágrimas pela forma traiçoeira e covarde que envolveram seu nome.
O juiz Sérgio Moro, que assinou a condenação preliminar de Lula em oito anos, ampliada para 12, foi cruel com quem a ala petista e outros segmentos cegos acreditam ser santificado. “Lula e Deus têm poucas diferenças, pois ambos não pecaram jamais, são detentores de luz irradiante, pureza cristalina”, devem dizer…
Lula nunca viu nada anormal, tampouco recebeu algo ilícito, sequer um centavo. Jamais estabeleceu nenhum contato de cumplicidade criminosa em qualquer área do governo e/ou particular. O espontâneo desapego material norteia seu desempenho na vida pública e privada. Os interrogatórios a que tem sido submetido significam tortura desnecessária a um santo imaculado, ainda travestido de vil mortal. Mas logo o Brasil e o mundo descobrirão o quão sublime Lula é.
As irônicas palavras acima formam frases que, em tese jurídica, são desconexas,confrontando argumentações lógicas. A maioria resulta de longas e minuciosas fases investigativas, trabalho a cargo da Polícia Federal e Ministério Público. O que os partidários e simpatizantes de Lula desejam é realmente impossível: que o rol de provas acumuladas contra ele se desfaça feito um passe de mágica, reconduzindo-o novamente ao principesco posto de “político adorado pela Nação”, sem qualquer mancha corrupta no seu rastro.
Convenhamos que isto seria proeza típica de um mago medieval, não de ilusionistas políticos que, exaustivamente, tentam ressuscitar um fantasma popular, figura de há muito torpedeada por escandalosos canhões. Pois o eco da corrupção insiste em acompanhar cada passo do ex-presidente Lula e seus aliados, “santos de pau oco”.
Iludidos ou não, Lula e seus seguidores têm consciência de que o tempo urge, e é preciso correr atrás de tudo que possa insinuar esperança eleitoral. Esperança de que a Justiça reveja suas normativas e abra um leque de nova oportunidade para ele se candidatar a presidente; esperança de que seus processos efetivamente escoem pelas tubulações gulosas da lava-jato, soterrando quaisquer acusações futuras.
Afinal de contas – as mesmas contas que complicaram a vida de Lula -, se muitos ladrões de galinha estão trancafiados nos esdrúxulos sistemas prisionais do País, não é justo que acusações fantasiosas de toda a Justiça Nacional coloque em liberdade um anjo inocente, a legítima representação do mártir contemporâneo. Tal procedimento contrariaria o próprio Deus. E Deus é brasileiro, jamais podemos nos esquecer disso.