Redação site – A apresentação de Lula para ser trancafiado numa sala da Polícia Federal é questão de horas, talvez de minutos. O ex-presidente e fundador do PT admitiu que não irá protelar mais a decisão judicial, despacho feito pelo juiz Sérgio Moro. O que significa que pode sair a qualquer momento da sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Paulo, para ir cumprir a pena de sua condenação, 12 anos e um mês.
Enquanto Lula não se apresenta, a agitação em frente à sede do sindicato ganha proporções alarmantes, na análise de seguranças privados e da própria Polícia, que mobilizou grande parte do seu efetivo para evitar que o tumulto se torne incontrolável e tenha consequências atrozes. Várias viaturas e um contingente expressivo estão a postos no trajeto que o ex-presidente irá tomar ao sair do prédio da entidade que representa a categoria dos metalúrgicos.
Pelo clima de exaltação entre militantes petistas e os que são contra o ex-presidente, as autoridades temem que uma “bomba” possa eclodir no local. Cartazes e faixas, seguindo-se gritos frequentes e discursos inflamados, incitam decisões de liberdade a Lula e, também, de que ele acate a determinação judicial.
Legalmente, segundo parecer da Justiça, Lula não é considerado fugitivo, pois seu paradeiro é conhecido. A transgressão fica por conta de ele não ter se apresentado ontem, até às 17 horas, na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, preferindo manter-se aconchegado junto aos seguidores partidários. Os petistas têm deixado claro que “ninguém” (e isso implica autoridades policiais) irá invadir a sede do sindicato para prender Lula. Um aviso sombrio de que uma eventual invasão poderia acarretar conflito sangrento. Mas o anúncio de Lula de se entregar frustrou os planos dos seus seguidores.
Já se sabe que uma pessoa morreu no local hoje, além de outra ter sido agredida covardemente ontem (6), a ponto de ficar desacordada no meio da rua. Em tese, enquanto permanecer acobertado pela militância, Lula está com um dinamitador de confusão nas mãos, na condição de “cabeça” de todo o movimento petista que sacode o Brasil inteiro nesses últimos dias, desde o julgamento no STF e o despacho sequencial do juiz Sérgio Moro à Polícia Federal para prendê-lo.
Uma das esperanças de Lula residia na última tentativa de sua defesa junto ao Supremo Tribunal Federal, decisão a cargo do ministro-relator Edson Fachin. Mas Fachin acaba de negar o recurso impetrado pela defesa do ex-presidente, no sentido de que Lula permanecesse em liberdade até a análise de novas mobilizações no TRF4, no caso do triplex do Guarujá.
O juiz Sérgio Moro, por sinal, saiu de cena precavidamente, diante das pressões populares a favor do ex-presidente. Nem jornalistas que fazem a cobertura do impasse, em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos, têm sido poupados de agressões. É, de fato, um estopim de pavio curto, ainda que Lula tenha aparecido para agradecer o apoio recebido de forma lacrimejante, incluindo gravações de vídeos a cargo do PT, que serão divulgados nas redes sociais no ato da prisão, que deve acontecer a qualquer momento.
O fato é que, ao se entregar à Polícia Federal, Lula já terá dado bons passos de ganho político para “seu” PT, principalmente se for algemado, como já foi cogitado caso demonstre alguma resistência à prisão. A ala favorável à sua condenação afirma que é exatamente isso que Lula quer: sair algemado publicamente, para demonstrar “o quanto tem sido perseguido e injustiçado”.
Por Editor-Geral