Já há alguns anos, Cuiabá respira um ambiente mais promissor (e protetor) para cães, gatos e outros animais, incluindo os de grande porte. Os animais de rua deixaram de ser incômodos {destinados ao extermínio cruel) no cenário da administração municipal para se tornar objetos de carinho e proteção. Várias iniciativas foram consolidadas neste sentido, a exemplo da criação da Diretoria de Bem-Estar Animal, núcleo sediado no Palácio Alencastro.
A Bem-Estar Animal – que dispõe de viatura e equipe plantonista – impôs freio na crueldade antes praticada contra os indefesos animais de rua: após serem capturados, os bichos eram confinados de qualquer jeito no Centro de Zoonoses da capital. O assassinato coletivo ocorria três dias depois numa câmara de gás improvisada: método idêntico ao que Hitler empregava para exterminar maciçamente os judeus, à base de monóxido de carbono.
Conforme relatos de ex-funcionários do Centro de Zoonoses, os uivos de desespero agonizante dos animais eram ouvidos a uma distância considerável. Muitos cães e gatos resistiam à asfixia pelo monóxido de carbono {proveniente da descarga da “carrocinha”) e à alta temperatura reinante no interior do quartinho-necrotério (acima dos 50 graus).
Os que logravam sobreviver à monstruosa tortura – recordam – eram aniquilados a pauladas no ato de reabertura da porta. Por dia, contabilizam, mais de 50 animais perdiam a vida nesse processo torturante e digno de aplausos pelo exterminador nazista de judeus. Os cidadãos sensíveis à causa animal tinham pavor da carrocinha, pois a simples presença do veículo do Centro de Zoonoses significava captura de anjos inocentes e morte horrível. A atual administração acabou com essa crueldade extrema.
Atualmente, a “carrocinha” só deixa as instalações do Centro de Zoonoses para capturar algum animal que esteja com sintomas de doença contagiosa (a exemplo de raiva) ou necessitando de socorro. No canil do órgão, veterinários da Bem-Estar Animal analisam cuidadosamente a situação do bicho, tratando-o ou procedendo eutanásia, em último caso.
O processo é feito há anos de forma humanizada: o cão {ou gato} é sedado em ambiente ventilado, para só depois receber dose de coagulante. Em segundos, já em sono profundo, ele “parte para uma outra vida” sem sentir nenhuma dor ou passar por situação de desespero no apavorante quartinho da morte, felizmente já inexistente. Os animais que se recuperam são doados (Doação Responsável).
Por João Carlos de Queiroz