Redação Site – O juiz Sérgio Moro, magistrado responsável por enquadrar e condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato, trancafiando-o na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba-PR, será ministro da Justiça a partir da janeiro próximo. Moro aceitou hoje (1º) o convite feito pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), para assumir a Pasta. O Ministério da Justiça incorporará também a área de Segurança Pública, já apelidado de “superministério”.
Anteriormente ao convite oficial, o então candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro, externou nas redes públicas franco desejo de contar com a colaboração do juiz Sérgio Moro no seu governo, por considerar o nome do magistrado uma das referências idôneas do País, somando-se à sua conduta competente e exemplar como integrante do Judiciário. A partir daí, reinou certa expectativa perante a população de que Sérgio Moro pudesse declinar desse convite presidencial, optando pela permanência no atual cargo de juiz.
O “sim” de Sérgio Moro ao cargo de titular do Ministério da Justiça foi aplaudido por uns e criticado por outros. Mesmo simpatizantes de Bolsonaro acham que a descompatibilização de Moro do Judiciário pode ser danosa à condução processual dos inquéritos referentes à Operação Lava Jato na sequência dinâmica que tem emoldurado as ações e decisões das equipes de investigação, principalmente na esfera superior do Judiciário. Ou seja: sua saída da magistratura pode ser golpe letal na eficiência da Lava Jato.
Recepção calorosa no Rio de Janeiro
Após o desembarque no Rio de Janeiro, nas primeiras horas da manhã, o juiz Sérgio Moro dirigiu-se diretamente ao condomínio onde reside o presidente eleito Jair Bolsonaro, na Barra da Tijuca. A reunião entre ambos, não aberta à imprensa, demorou 1h30. Ao sair, às 10h45, Sérgio Moro ensaiou conceder uma coletiva na frente do condomínio. Mas desistiu diante da movimentação tumultuosa de populares no local. Limitou-se a dizer que irá expedir uma nota detalhando todos os termos acertados na conversa com o presidente eleito. Não emitiu qualquer declaração antecipada, apesar da insistência dos repórteres em saber de alguns detalhes.
Já no voo de retorno a Curitiba, assediado pelos passageiros, Moro disse que a conversa tratou de alguns pontos que ele considera vitais no trabalho a ser feito na Pasta. Enfatizou estar disposto a encetar ações anticorrupção e anticrimes de toda espécie, e para tanto agirá com rigor. Ainda disse que pretende se desligar o quanto antes do Judiciário, rebatendo argumentos de que a Lava Jato possa sofrer prejuízos. “Temos magistrados excelentes e que irão dar continuidade ao trabalho”, comentou.