Redação – Site – O Dia dos Trabalhadores começou agitado em São Paulo, após um prédio de 26 andares, habitado por 92 famílias, 248 moradores, ser tomado pelas chamas e desabar, transformando-se num monte de entulhos. O edifício ficava localizado no Largo do Paissandu com Avenida Rio Branco, área central da capital paulista, e era ocupado ilegalmente por pessoas em situação de extrema vulnerabilidade. É o caso de outros 150 imóveis de grandes proporções nas proximidades, igualmente ocupados por carentes, ex-moradores de rua, a maioria com crianças.
Os moradores conseguiram deixar o prédio antes que o incêndio se alastrasse pelos demais andares. Informações dão conta de que o fogo teve início no quinto andar, e a evacuação aconteceu apenas pelas escadas, pois o edifício não dispõe de elevadores. Do total de ocupantes do imóvel, apenas três anda não foram localizados, mas o Corpo de Bombeiros não confirma se eles possam estar no meio dos escombros ou a salvo em outro lugar. As buscas prosseguem, trabalho concentrado em resfriamento dos escombros, a fim de evitar o surgimento de novos focos.
Também a Igreja Luterana, uma das relíquias tradicionais de São Paulo, de 1908, foi parcialmente destruída por esse incêndio, que ainda atingiu prédios vizinhos, danificando suas estruturas. Isso levou a Defesa Civil a evacuar os imóveis para segurança geral, além de todo o entorno da área ter sido interditada. É uma das preocupações básicas do Corpo de Bombeiros.
Toda a estrutura interna do prédio, segundo os bombeiros, era elemento facilitador de incêndios, com ligações clandestinas de energia elétrica e divisórias de madeira nos apartamentos ocupados. Num deles morava dona Ana Paula com seus sete filhos e uma neta. Felizmente, ela foi uma das primeiras a sair do imóvel ainda quando as chamas não tinham se alastrado, avisada por vizinhos do sinistro.
Os bombeiros trabalham agora em cima da pilha de escombros, à procura de possíveis sobreviventes. É uma operação delicada, que exige cuidado e silêncio. A unidade fez contato com líderes do movimento de ocupação, para levantar informações acerca dos três moradores desaparecidos. Também montaram no local box emergencial, para a eventualidade de ser encontrado alguém ferido.
O Corpo de Bombeiros há havia feito levantamento recente, quando alertou para os riscos de que ali ocorresse algum incêndio de proporções incontroláveis. Dos 26 andares, apenas os 10 primeiros eram ocupados pelos sem-teto. A água só chegava ao quarto andar, informação de alguns moradores, que estão provisoriamente alojados na Igreja Nossa Senhora do Rosário e recebem ajuda de vizinhos e da Prefeitura de São Paulo (Assistência Social).