A Hyundai está cada vez mais próxima da Fiat-Chrysler. Na Coreia do Sul, já se fala até em valores e outros detalhes da negociação, que secretamente estaria em curso. Para os dois lados, o ganho com uma fusão seria enorme, ainda mais para o fabricante asiático, que enfrenta algumas dificuldades comerciais nesse momento.
Uma união Hyundai-FCA daria ao fabricante sul-coreano a primeira posição mundial como montadora e vendedora de veículos. A estimativa é de 13 milhões de veículos com base nos 11,5 milhões vendidos pelas duas empresas em 2016. Isso fica bem acima de Volkswagen, Toyota e mesmo da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.
Para a Hyundai, a primeira posição é uma posição de importância e reconhecimento mundial. Mas, na prática, ter a FCA, significaria também resolver alguns problemas importantes. Um deles é a queda nos mercados dos EUA e China, este último por conta de questões diplomáticas. Nesse aspecto, as relações entre Coreia do Sul e EUA estão muito mais próximas devido à crise na península coreana e evidentemente a aquisição de uma das Big Three pela Hyundai seria vista com bons olhos na Casa Branca.
Mesmo sem a FCA ter grande presença na China, ela compensaria no mercado americano, onde é reconhecidamente uma das Big Three e ajudaria na recuperação das vendas da Hyundai no país, que estão em queda. Além disso, a Europa tem boa representatividade dentro da FCA com a Fiat e suas marcas, assim como no Brasil, onde atua também com a Jeep. Falando nesta, a recuperação chinesa pode se dar com a marca americana, apreciada pelo consumidor local.
Por fim, a crise nuclear envolvendo as duas Coreias e os EUA poderia ser compensado em último caso com a produção americana nas fábricas da FCA. Mas, de acordo com o analista de mercado Lee Jae-il, responsável pela área de automóveis da Eugene Investment & Securities, a união para a Hyundai traria um conflito de interesses nos segmentos A, B e C, pois a Fiat produz carros compactos que concorreriam com os das duas marcas asiáticas do grupo, segundo o Korea Herald.
Sabe-se, porém, que na Europa Ocidental não haveria tanto problema, devido ao tamanho do mercado continental. Assim, poderia haver tal convivência. No Brasil, o HB20 é vice-líder e a Fiat não tem mais um campeão de vendas para bater de frente com Onix, por exemplo. Assim, não haveria um fogo amigo tão direto também. Na Índia, as vendas da Fiat são limitadas em relação ao que a Hyundai consegue por lá.
Para a FCA, ter a Hyundai como controladora significará reduzir enormemente os custos de produção. O mercado vê isso com bons olhos e analistas acreditam que a sinergia entre as duas empresas não seria difícil, o que ajuda na economia em escala. Além disso, o capital sul-coreano pode acelerar a expansão da Jeep no cenário chinês para compensar as perdas de Hyundai e Kia. Nos EUA, a RAM evitaria qualquer investimento maior em picapes por parte da Hyundai, ficando esta apenas com a Santa Cruz. A sinergia poderia até levar a plataforma da Fiat Toro para dentro da gama das sul-coreanas ao invés da RAM tentar emplaca-la nos EUA.
Para Lee Jae-il, o negócio tem até preço. Segundo o analista sul-coreano, a Hyundai pode pagar algo em torno de US$ 9,83 bilhões pela FCA, mas nisso incluída a marca Maserati e a Magneti Marelli. Mas, sem estas empresas, o valor cai pela metade. Rumores dizem que a pressão da família Elkann é grande sobre Marchionne, para que o mesmo separe as operações de Alfa Romeo e Maserati, que continuariam com o grupo italiano junto com a Ferrari.
Mas, o valor cheio mencionado acima estaria mais ligado ao valor da sistemista do que da marca de luxo italiana. Segundo o Corriere Della Sera, há duas opções para a Magneti Marelli: uma venda em separado ou em conjunto com o grupo. Mas, a primeira, a ser feita para um fundo financeiro, por exemplo, poderia colocar toda a tecnologia de engenharia da Fiat Chrysler nas mãos de um concorrente. Com a Hyundai, tudo ficaria em casa. Mas, sem ela, os sul-coreanos teriam de negociar com o novo proprietário, o que pode ser um risco se o mesmo acabar se tornando um fabricante rival posteriormente.
Ainda que sem Maserati e Alfa Romeo, a Hyundai não ficaria ruim no negócio, visto que a escala em volume de tais marcas não faria tanta diferença em termos globais, mas sua importância sim. De qualquer forma, isso também evitaria um possível conflito de interesses com a Genesis, por exemplo.
[Fonte: Korea Herald/Auto.cz/Corriere Della Sera]