Até há alguns meses, a mídia inteira propagava cenas sangrentas de confrontos físicos nos estádios brasileiros, situações protagonizadas sequencialmente por torcidas organizadas”. Esse fanatismo de alguns torcedores {pois não são todos} culminou em mortes e sequelas irreversíveis em centenas de pessoas no nosso país. Outros lugares do mundo já registram episódios remotos de violência; prevalece contingenciamento cultural sobre tal questão.
Na avaliação de ONG(s), a impunidade agressiva no Brasil se constitui no maior incentivo daqueles que comparecem aos estádios não com o intuito de se divertir, mas focados somente em badernar e agredir com recursos de violência extrema. Muitos foram linchados a pauladas e pontapés simplesmente porque torciam pelo time vencedor. Por vezes, o linchamento covarde aconteceu na saída do estádio, sem nenhum motivo. Serviu como “descarrego” oportuno da frustração da derrota sofrida em campo.
Infelizmente, poucos assassinos do tipo são identificados, presos e levados ao tribunal. A maioria permanece solta por aí, agora afoitamente à espera da liberação de público nos estádios para voltar a promover baderna e enlutar mais famílias. Para eles, o futebol é ingrediente motivador de sanha sanguinolenta: a principal diversão é pincelada com sangue humano, não com gols.
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Analisando a calmaria ora reinante nos estádios brasileiros, é compreensível dizer que esse é o “lado bom” da pandemia vigente nos quadrantes do território nacional. Porque, com o veto imposto à aglomeração de torcedores, as partidas de futebol são realizadas com portões fechados. Os jogos reúnem apenas atletas e equipes técnicas. O rugido ensurdecedor de torcedores foi silenciado drasticamente, que alívio!
Por outro lado, também não se vê mais hoje garrafas voando rumo ao gramado, ou torcedores desmaiados e ensanguentados ao longo das arquibancadas. Os rojões silenciaram de vez nos estádios, deixando de ser arma letal direcionada às torcidas adversárias e aos próprios jogadores.
Para a Polícia Militar, essa é uma trégua importante, visto que seus soldados também sofreram o diabo nas mãos de torcedores fanáticos quando tentavam apaziguar confrontos sangrentos. A PM já não precisa fazer escudo humano o tempo todo durante as partidas: o empurra-empurra agora está restrito aos atletas em campo. Mas as desavenças ficam por aí…
Também os que residem próximos aos estádios têm comemorado o silêncio reconfortante durante as partidas, sem multidões agitadas e aquele foguetório maldito em todos os cantos. Isso, sem falar na movimentação de carros e pessoas nas calçadas, muitas delas aparentando disposição de partir para as vias de fato ao menor olhar desconfiado de outro transeunte.
Infelizmente, o futebol brasileiro deixou de ser um programa familiar para se tornar guerrilha de desfechos imprevisíveis. O ódio de grande parte dos que comparecem aos estádios é o ingresso principal da violência. Já adentram ali dispostos a tudo, inclusive até matar.
VETO PERPÉTUO À AGLOMERAÇÃO NOS ESTÁDIOS
Ocorrências tão covardes merecem repúdio geral do mundo, não apenas dos brasileiros. E uma vez que elas se tornaram “normais” no território tupiniquim {apenas cessando durante essa pandemia}, o correto seria baixar restrição definitiva, via judicial, à presença de torcedores nos estádios. Isto para impedir que o sonhado pós-pandemia se torne cartão de retomada de violência contra inocentes.
Enfim, alguns hão de alegar que tal restrição pode significar o fim dos times, pois o ingresso pago pelo torcedor ainda é suporte básico do futebol brasileiro, somando-se aos recursos oriundos de publicidade, etc. A questão é: até onde preservar ganhos financeiros sobrepuja o valor da vida humana?
Numa análise prática desse tema, a prevalecer o quadro vigente antes da pandemia (com estádios lotados), logo voltaremos a ter saldo aterrorizador de mortes inocentes a cada partida, estabelecendo-se novo ciclo de pandemônio da impunidade.
É preciso rigorosa conscientização para admitir que os jogos de futebol no Brasil, na maioria das vezes, resultam em atrocidades que poderiam ser evitadas. Afinal de contas, os tempos atuais, em tese, não podem se associar à grotesca violência das arenas romanas e seus impiedosos gladiadores…
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