Montes Claros-MG – Aquela foi a carona mais estranha e também emocionante que concedi na minha pequena Yamaha Mini Enduro, estradeira brava. Como estabeleci rotina semanal de ir de Montes Claros a Bocaiúva visitar parentes paternos, contabilizei aventuras e também “causos” pra lá de complicados. O da citada carona se enquadra aí…
Mal passei em frente ao Batalhão da Polícia Militar, lá pelo meio-dia, avistei uma garota acenando num dos lados da rodovia 135. Uma jovem bonita, morena alta, vistosa. Queria carona, óbvio. Pensei comigo: “Ela não deve ter observado o tamanho da motinha; é bem apertada para comportar dois”.
Por educação, detive a marcha da moto para explicar que estava indo a Bocaiúva. Pensara comigo que ela desejava ir a algum bairro adiante do batalhão. Só que a moça disse sorridente: “Eu também vou para Bocaiúva!”
E sem que pudesse dizer mais nada, a desinibida garota se aconchegou atrás de mim, instruindo para tocar viagem. Também começou a cantar alto; esquisito aquela alegria…
A Mini Enduro aguentou tranquila o peso extra, pois, apesar da potência modesta, tinha muito torque. Assim, acelerei firme pela rodovia, pensando no sufoco esforçado da maquininha…
Para minha surpresa, a Yamaha deu a entender ter gostado da companhia extra, do falatório da garota ao vento. Eu não entendia muito o que ela dizia, por causa do barulho do motor 50 dois tempos, que enfumaçava nossa retaguarda com um azul belíssimo…
Venci sem problemas a serra de saída de MOC, e quase perdi o controle da moto uns 15 minutos depois, quando a mão boba da garota me tocou numa parte bem sensível, que deixo ao critério do eventual leitor imaginar.
“Você está animadinho, hein?” – disse ela às gargalhadas. Aos 17 anos, qualquer contato feminino mexe com a libido…
Foi a garota quem solicitou para pararmos sob uma árvore frondosa, quilômetros adiante. Disse estar ansiosa para deixar de ser virgem, pois seu marido não conseguira cumprir tal função.
– Imagine você, anjinho: eu casei há dias e ainda continuo virgem, acredita? Meu negócio é bem resistente, e o trouxa do meu marido simplesmente desistiu! Vamos ver se você consegue!
Suas palavras me preocuparam, posto que lançavam desafio explícito à minha masculinidade. Sem vergonha, a garota se despiu e instruiu para que fizesse o mesmo. E então, determinada, passou a me cavalgar.
Sem experiência, prostrado debaixo de uma moça de uns 25 anos, eu me limitei a acompanhar suas ordens, já sentindo dores lancinantes por conta da fimose (que operei na fase adulta). “Vai dar merda”, pensei.
Até tentei afastá-la um pouco, a fim de aliviar o peso torturador. Não deu certo…
Insensível ao meu drama, a garota continuou a me cavalgar ferozmente, gritando que nem vaqueiro tocando boiada. De repente, senti uma espécie de clique carnal, seguido de dor fortíssima, e a empurrei decidido de lado para anunciar que quem perdera a virgindade fora eu.
– Ué, menino, você está sangrando seu “negocinho”, sô! – comentou séria pela primeira vez. Sem-graça, eu tentava conter a hemorragia da pele dilacerada. Maldita fimose!
***
O restante da viagem foi feita em silêncio, e a moça se limitou a perguntar se estava doendo muito. Menti ao responder que já tinha passado, apesar de o indócil instrumento reavivar franca animosidade ao sentir seu perfume provocante. A vontade de tê-la não passara; porém, estava impossibilitado…
Por dezenas de quilômetros, tentei conter os ímpetos adolescentes de qualquer garoto da minha idade. Vez ou outra, a coisa “acordava” animada, sem atentar para o retesamento dolorido do corte frontal.
Alívio mesmo foi ver Bocaiúva de cima da serra; estávamos finalmente chegando…
Ao descer da moto na entrada da cidade, a moça informou que continuaria viagem. Deduzi que talvez estivesse em fuga do casamento frustrado; estranho aquilo…
Nós nos despedimos com sorrisos trocados; o dela, com certeza, estava impregnado de malícia zombeteira. Fingi nem perceber, e arranquei rumo a moto rumo à casa das tias, ansioso para cuidar do estrago íntimo.
Inteirado da cômica situação, meu tio Armando afirmou que precisaria desinfeccionar, e voltou da cozinha trazendo um líquido desconhecido num copo d’água. “Não é álcool, fique tranquilo”, disse ao despejar no ferimento. Era água com sal…
Armando gargalhou às pampas ao me ver saltando feito pangaré bravo dentro do banheiro da casa da tia. Saltava mordendo a toalha, para não gritar. Antes de sair, ele comentou sacana:
– Agora, seu conquistador de estrada, vê se dá carona para uma outra fulana do tipo ao voltar amanhã para Montes Claros,. Aí, sim, vai é rasgar é tudo!
Por JCQ