Redação site – Se fantasmas existem, logo o de Marielle vai cobrar posicionamentos efetivos das autoridades policiais para que sua morte seja desvendada e os criminosos recebam, via Justiça, justas condenações. É que o Brasil inteiro quer saber quem matou – e também quem mandou matar – a vereadora Marielle Franco, 38 anos, e seu motorista, Anderson Pedro Gomes. Ambos foram trucidados a tiros quando transitavam no Estácio, região central do Rio de Janeiro.
Marielle, pelo que foi levantado inicialmente nas investigações da Divisão de Homicídios, setor encarregado dos trabalhos periciais do caso, era o alvo principal dos criminosos, o que caracteriza processo de execução. O problema é que os dias e semanas transcorrem sem que os culpados {pois era mais de um} sejam identificados e presos, exigência revoltosa geral no País.
A conclusão de que Marielle foi realmente executada se baseia em vários princípios de sua atuação parlamentar e na vida pessoal. Alguns podem ter afrontado grupos distintos da ala adversa da lei, hipótese das autoridades. Líder comunitária, Marielle descrevia a si própria como “mulher, negra, mãe e cria da favela da Maré”. Isso lhe rendeu atributos elogiosos em várias fases de sua vida. A vereadora também integrava grupo de relatores de comissão voltada a monitorar os trabalhos da intervenção federal decretada no Rio de Janeiro.
Marielle era uma espécie de porta-voz da ala feminina, e presidia a Comissão de Defesa da Mulher. Havia, inclusive, apresentado projeto para criação do Dossiê da Mulher Carioca. Texto que aborda visível preocupação da parlamentar com atos de violência que a mulher carioca tem sido vítima frequentemente no Rio e ocorrências de aborto. Neste sentido, ela pretendia consolidar projeto de Casas de Parto (normais) no Rio.
“SEU POSICIONAMENTO ENÉRGICO, SEMPRE A FAVOR DO BEM, E DE CONFRONTO A QUALQUER ILÍCITO, INCOMODAVA BASTANTE”, AFIRMAM PARENTES E AMIGOS.
Para seus parentes, amigos e colegas parlamentares, Marielle Franco nunca deixou de lado suas ideologias em prol das minorias sociais, e isso incomodava a muitos. Principalmente no tocante a denominadas “intromissões” que sua militância aguerrida, de caráter fiscalizatório, acarretava em segmentos escusos da sociedade. Marielle se municiava de informações para exigir o cumprimento da lei e a respectiva punição de todos os envolvidos. Antes mesmo de ser eleita vereadora, com 46.502 votos, ela atuou em diversas frentes sociais, a exemplo do Brasil Foundation e Centro de Ações Solidárias da Maré – Ceasm.
Na noite em que foi assassinada (numa quarta-feira, 14 março de 2018), a vereadora acabara de participar de reunião na Rua dos Inválidos, Lapa, encontro denominado “Jovens Negras Movendo as Estruturas”. Sequência de atividades que desenvolveu no passado, ainda na condição de assessora parlamentar do deputado estadual Marcelo Freixo, PSOL.
Quando na Assembleia Legislativa, Marielle auxiliou em várias comissões com enfoque nos direitos sociais. Destacou-se também ao se formar em Sociologia (PUC) e fazer mestrado em Administração Pública, na Universidade Federal Fluminense. Foi quando elaborou dissertação temática relativa às Unidades de Polícia Pacificadora, intitulada “UPP: a redução da favela a três letras”.
Por editor-geral