Ex-comandante internacional de Boeing 777 da TAM agora “voa rasante” com motocicletas BMW

Impedido de dar continuidade à profissão de comandante internacional da TAM em decorrência de problema de saúde, Paulo de Tarso Schalcher aderiu ao esporte motociclístico de vez, literalmente oficializando casamento com a marca BMW. "Nunca deixei de andar de motocicletas; e a BMW é uma de minhas paixões", confessa

O habilidoso comandante Paulo de Tarso Schalcher, natural do Maranhão, foi um dos profissionais mais destacados na TAM durante décadas, empresa na qual obteve sucessivas graduações e angariou simpatia geral dos colegas, a exemplo de outras companhias aéreas nas quais serviu. De sorriso fácil, expressão carismática, o competente piloto sempre encontrou portas receptivas à sua trilha profissional.

Antes de aportar em Cuiabá, o comandante operou aeronaves de táxi-aéreo em áreas de garimpo na Amazônia. Depois, já em solo cuiabano, passou a voar o EMB-Bandeirante na extinta Taba – na época áurea da empresa -, onde cumpriu extensa jornada aérea diária entre MT e estados vizinhos.

Ao deixar os quadros da Taba, Schalcher voltou ao táxi-aéreo e à aviação agrícola. Na sequência, ingressou na Brasil Central, empresa sediada no Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande-MT, sob a direção de Adolfo Amaro, irmão do comandante Rolim Amaro (então presidente da TAM). Ali, voou regularmente o turboélice Caravan.

Logo mais, Schalcher foi co-piloto e comandante de Fokker 100, assumindo a posição de comandante de Airbus 320 e 330 (efetuava voos internacionais com o 330). Desse posto, já saiu direto para o assento igualmente honroso de comandante de Boeing 777, operando esse gigante aéreo durante anos.

Recordo que ele dizia seguramente quando ainda operava o F-100: “Já fui convidado para co-piloto do 320, mas não aceitei. Estou fazendo o curso de comandante. Já ingresso direto nesse posto no F-100 e no 320”, como efetivamente aconteceu. E deu uma importante dica para quem está na expectativa de galgar posições nas grandes empresas aéreas:

“Se você insistir em ser graduado na função de co-piloto, apenas mudando de aeronave para aeronave, a tendência é ser co-piloto por muito tempo. Então, é preciso ser comandante para ir galgando novas posições na empresa, mas sempre na condição de comandante”, disse.

Já no comando do imenso 330, da Airbus, Schalcher cumpria rotina semanal de voos em países que muitos sonham conhecer, na Europa e  EUA. “Geralmente, nossa agenda de voo recai em Miami, Paris e Nova York. Já tenho amigos em todos esses lugares”.

Sua permanência no 330 foi alternada com o curso de comandante do Boeing 777, aeronave que define como “nave espacial”, de dimensões gigantescas e dócil. Mas seu avião preferido na TAM sempre foi o F-100, “Cadillac dos ares”, na definição do comandante.

Schalcher voou muito o 777, familiarizando-se 100% com a sofisticada máquina da Boeing. “Boeing é sempre Boeing, fabricante de tradição confiável”, costumava dizer sem desmerecer as demais.

A pilotagem em aviões nunca o afastou das motocicletas, é outro detalhe na vida desse maranhense feliz. “Viajo muito com minha BMW, que considero fácil de operar. Tive uma Harley, mas é cansativa para viajar a longas distâncias”. Atualmente, Schalcher possui duas BMW, uma delas à venda.

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Schalcher continuaria voando o 777 até hoje se um problema cardíaco, detectado durante exercício rotineiro de esteira realizado em SP, não o tivesse levado a prolongada licença (para avaliação médica) e consequente afastamento definitivo do quadro de pilotos da TAM. Ele não critica essa decisão, frisando que é uma normativa de segurança por parte do Ministério da Aeronáutica e órgãos subordinados (ANAC).

“Infelizmente, engavetei minha profissão de piloto, mas tenho atuado na área de pilotagem aérea de outra forma, ministrando instrução em simuladores de voo do Airbus 320”, informou sorridente. Schalcher alterna essa nova atividade profissional com a de viajante motociclístico, cruzando entre São Paulo e Maranhão a bordo da BMW 1.200. “Nem canso, é uma viagem que costumo realizar frequentemente”.

Também a bordo dessa confortável máquina, o aeronauta maranhense já cruzou diversos países, a exemplo do Chile e Peru. Outros roteiros constam na sua agenda turística para 2020. “Vou também a Cuiabá com minha filha, futura comandante de linhas aéreas em formação”, avisa. A BMW, segundo expõe o veterano dos ares, é sua segunda paixão, “pois a família vem sempre em primeiro lugar”.

Por João Carlos de Queiroz, fundador e ex-presidente do Aeroclube de Várzea Grande-MT

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