Por Redação, site – A cremação de cadáveres já é rotina no Brasil, mas é pouco praticada, por dois motivos: a) financeiro: é um dispositivo caro; b) religioso: tradicionalmente, a família brasileira prefere enterrar seus mortos de forma incólume, tal como vieram ao mundo. Ou seja: o “normal” é que o caixão funerário e seu ocupante se desintegrem por completo com os anos.
Há ainda quem entenda o seguinte: cremar um corpo é desrespeitá-lo, igualmente incorrendo em patrolar os rígidos princípios das hastes familiares. Defunto, deduzem, tem que ficar na sala de sua casa e, dali, ir direto para a cripta da família. É o entendimento quase consensual. Assistir um ente querido entrar no forno do crematório (e virar cinzas) é estranho para esse grupo.
Aliás, muitos dos que já partiram registraram veemente desejo de sepultamento normal. Pedidos oficializados em cartório, com anos de antecedência do óbito. Não queriam, por motivo nenhum, virar cinzas.É mais ou menos o que acontece com aqueles que não oficializam a doação de seus órgãos no pós-óbito, na crença de poder precisar deles “em outra vida”.
Especulações e restrições à parte, a cremação é uma das maneiras mais eficientes de eliminar a proliferação de qualquer vírus. Porque, após o corpo cessar as funções vitais, o vírus ainda permanece enfronhado nele, pronto para se alastrar à vontade. A contaminação de lençóis freáticos é um dos caminhos naturais da hibernação e “ressuscitação” de elencos ardilosos de todo tipo de vírus, conforme infectologistas.
Nessa atual situação de pandemia que o país e o mundo inteiro atravessam, especialistas no assunto alertam para o perigo de que os sepultamentos corriqueiros simplesmente “abriguem” (e não exterminem) o coronavírus sob a terra. Processo que vai facultar com que ele retorne à superfície ainda mais violento, metralhando a vida humana sem qualquer piedade. Exatamente como acontece agora.
No Brasil, já são quase seis mil pessoas vitimadas pelo novo coronavírus. Tem faltado espaço nos cemitérios para abrigar tantos corpos, e uma das estratégias utilizadas é sepultamento coletivo, em valas. Reside aí outro ponto positivo da cremação: os familiares já saem dos crematórios levando uma pequena urna portátil com as cinzas do falecido. Podem, assim, se for este o desejo, realizar o velório do parente conforme as tradições locais.
“Sepultadas normalmente, vitimas do novo coronavírus se tornam portadoras de bomba-relógio de efeito letal em algum tempo impreciso…”
Resta agora o governo se mobilizar no sentido de que as empresas crematórias também colaborem, promovendo cremação gratuita das vítimas do novo coronavírus. Algumas já sinalizaram positivamente nesse sentido, faltando apenas ser oficializado este procedimento. Não será nenhum ineditismo, pois vários grupos empresariais importantes do país (Bradesco, Pão de Açúcar, etc…) têm se mobilizado para auxiliar os mais carentes do país.
Convenhamos que o Brasil é um país socialmente adverso, habitado por abastados e miseráveis. Os miseráveis não têm como bancar a cremação de nenhum corpo. Evidentemente, não se justifica que as vítimas do novo coronavírus baixem a sete palmos de terra apenas para economizar recursos, facultando a proliferação de novos estágios letais da covid-19, no futuro. A cremação, em síntese, é a medida mais justa, humana e sensata do atual momento, concluem infectologistas.
Por João Carlos de Queiroz
.