Por João Carlos de Queiroz – Na ânsia de sair do prédio em chamas durante a madrugada desta terça-feira, algumas pessoas se preocuparam apenas em salvar seus entes queridos, familiares. E dezenas de animais de estimação, gatos, cachorros e aves ficaram pra trás, sucumbindo nas chamas e na implosão do prédio. Atitude realmente injustificável, pois uma vez que todos se lembraram de salvar a si próprios, crianças e idosos, também deveriam ter atentado para a situação vulnerável dos indefesos bichinhos. Houve exceções, felizmente. É o caso de João de Jesus, que, além de salvar sua família, salvou também a cadelinha de estimação, levada carinhosamente no colo. Parabéns!
Certamente, ao presenciarem tanto tumulto, e pelo seu instinto natural, aliado ao entendimento lúcido de qualquer situação, os animais perceberam que seriam abandonados. Como efetivamente aconteceu à maioria. Os animais se tornaram parte do combustível que derreteu a estrutura esquálida do prédio paulista, implodindo-o depois.
Cultura da insensibilidade – Infelizmente, parte do povo brasileiro, e de outros países, acalenta tal desprezo com os animais, rotulando-os como objetos de entretenimento ocasional do lar, e de descarte conveniente a partir do momento em que envelhecem e deixam de prestar serviços de segurança e exigem cuidados médicos. Poucos se preocupam também em salvá-los em emergências distintas (incêndios, inundações, acidentes automobilísticos, aéreos, etc…). Isso, quando não são abandonados à própria sorte em domicílios fechados, por ocasião de festas anuais (Carnaval, Natal, Ano Novo). Momento em que os Bombeiros são acionados maciçamente. Nem sempre chegam a tempo de salvar a vida dos bichinhos.
Esse lamentável incêndio paulista registrou indiferença semelhante. Pode-se contar nos dedos quantas famílias recolheram seus animais para que não fossem incinerados vivos. O corre-corre pelas escadas foi mais na base de “cada um por si”. Sobraram latidos e miados desesperadores nos apartamentos tomados por fumaça. E também o palavreado desordenado de papagaios, certamente já sentindo asfixia. Nem é preciso questionar se alguma consciência cobrou essa debandada indiferente dos pretensos “responsáveis”.
Já fora do prédio e em segurança, muitas crianças indagaram dos pais o paradeiro dos seus bichinhos de estimação. As maiorzinhas, conscientes do que aconteceu, só apontavam tristes para o entulho de cinzas quando alguém questionava sobre seu gato ou cachorro: “Ficou lá”.
Não há justificativa plausível para esse comportamento irresponsável, insensível e desumano. Nesse incêndio, por exemplo, não custaria salvar todos os bichinhos que compartilhavam o mesmo teto. Menos de um terço dos animais se salvou.
A Prefeitura de SP disse que 25% dos moradores são estrangeiros, e talvez isso explique parcialmente esse descaso que trucidou tantos animais inocentes. Pior que os brasileiros, determinados estrangeiros têm o péssimo costume de desprezar o valor dos animais. Quando não os transformam em peças de experiências aterradoras, em nome da Ciência, ou em receitas gastronômicas, a exemplo dos cães imolados diariamente e servidos nos restaurantes chineses e coreanos, pratos principais em churrascos festivos.