Fumaça tóxica de incêndio criminoso no Pantanal e Chapada dos Guimarães asfixia mato-grossenses

O Pantanal de MT e MS ardem em chamas há semanas: os focos de incêndio criminoso são ininterruptos e devastadores em questão de minutos. A paisagem verde cedeu lugar a um tapete cinzento e incandescente. Milhares de animais já foram encontrados carbonizados, alguns ainda agonizantes...

Cuiabá e vários municípios padecem angustiadas com a densa fumaça tóxica proveniente das queimadas no Pantanal e em outras regiões de Mato Grosso (Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, Cáceres, etc…). Nesta quinta-feira, 17, não foi diferente: já nas primeiras horas da manhã, a fumaça cobria a maioria das cidades da Baixada Cuiabana. O fogo está sem qualquer controle, e o trabalho das unidades brigadistas não consegue conter seu avanço, posto que não existe a mínima estrutura adequada para emergências de tão grande porte.

Enquanto Mato Grosso arde em chamas, dizimando a fauna e flora da maneira mais horrível que existe, o governo federal acena apenas com minguados recursos para “fazer frente” à catástrofe em curso. E a maior parte da frota apaga-incêndio permanece em solo, enquanto pequenas aeronaves equipes oficiais e de ONG(s) tentam fazer o impossível: conter o avanço das chamas.

Os recursos que hoje faltam para solucionar essa emergência gigantesca simplesmente inexistem, na prática. Se fosse para promover uma nova Copa do Mundo {erguendo monumentos faraônicos, os típicos elefantes brancos), patrocinar desfiles carnavalescos ou investir maciçamente na divulgação do trabalho da atual gestão federal, bilhões seriam disponibilizados sem maior complexidade.

É por essas e outras que muitos brasileiros já deixaram de acreditar que “o Brasil não é um país sério”, frase atribuída a um pensador francês (Charles de Gaulle).

Por causa das queimadas, o Pantanal mato-grossense (MT/MS), famoso por reunir a mais rica fauna/flora do planeta, figura como palco de destruição atroz na mídia mundial. A palavra “fogo” substituiu os adjetivos que descreviam as belezas ali reunidas na verde planície pantaneira, atualmente transformadas num manto de cinzas, em constante ebulição.

Seres humanos também sofrem com as queimadas… 

O grito de socorro não vem apenas dos animais do Pantanal, ora encurralados no meio dessas chamas assassinas, mas do mundo inteiro. Em Cuiabá, unidades de Pronto Atendimento (SUS) estão abarrotadas de pacientes com problemas respiratórios, principalmente crianças e idosos. Mesmo jovens asmáticos sofrem muito com essa fumaça tóxica oriunda do miolo pantaneiro…

Divulgação Youtube

Ainda que esse incêndio seja ação criminosa do próprio homem,  o fogo age na condição de carrasco impiedoso, como se quisesse extirpar a carga de pecados da besta humana, de forma definitiva. O lado injusto é que muitos inocentes {sejam humanos e não humanos} têm perecido horrivelmente nesse processo de expurgo revoltoso, pois o valente ardor das chamas não separa o joio do trigo…

Por conta da força destruidora do incêndio que vai destruindo o famoso Pantanal mato-grossense, as atenções do mundo estão concentradas ultimamente em Mato Grosso. No exterior, imagina-se que Cuiabá esteja literalmente no meio de uma fogueira. O interesse mundial pela devastação do Pantanal já supera inclusive a atenção antes direcionada à faixa de letalidade da pandemia causada pelo novo coronavírus.

O fato é que a força destruidora do incêndio no Pantanal já superou as atenções dos mato-grossenses em relação ao quadro de pandemia vigente no Estado e mundo afora. O planeta inteiro quer saber como vai ser “após o Pantanal deixar de existir” – é dessa forma que os questionamentos surgem na mídia.

Andar por Cuiabá, hoje, se associa às cenas do tétrico filme “O nevoeiro”. E, a exemplo dessa película, o inimigo também está oculto no meio de lúgubre tom cinzento, disfarce aparentemente inofensivo para seu grande poder de morte…

João Carlos de Queiroz, jornalista

 

 

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