Conheça os atletas da FAB que participam dos Jogos Olimpícos de Tóquio

Vinte e três atletas da Força Aérea Brasileira (FAB) de várias modalidades disputam na 32ª edição das Olimpíadas
Fonte: Agência Força Aérea, por Tenente Raquel Alves
Edição: Agência Força Aérea – Revisão: Capitão Oliveira Lima

Mais de 17 mil quilômetros sobre o Oceano Pacífico e 12 horas de diferença no fuso horário. Um trajeto longo e cansativo, mas esses são pequenos desafios para quem seguiu esse percurso com apenas um objetivo: conquistar um lugar no pódio dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, que começaram no dia 23 de julho e vão até 8 de agosto. Vinte e três atletas da Força Aérea Brasileira (FAB) de várias modalidades disputam na 32ª edição das Olimpíadas e estão com sede de vitória.

No meio de uma pandemia, como realizar os treinos? Há pouco mais de um ano, o mundo passou a viver submetido a riscos, medos e restrições, devido à pandemia do novo Coronavírus. Imunizados contra a COVID-19, para competir em Tóquio, os atletas não mediram esforços e se readaptaram para se prepararem para as competições. Como bons combatentes, mesmo diante de tantas incertezas e adversidades, eles reinventaram suas estratégias de treinamento para dar continuidade na defesa das suas posições no cenário desportivo internacional. Assim, a pandemia do Coronavírus entrou para a rotina dos atletas de alto rendimento como um novo oponente. Os clubes tiveram que fechar suas portas, os centros de treinamentos foram interditados, os aeroportos fechados e todas as competições foram suspensas, algumas até canceladas. Esses ainda não eram os únicos empecilhos na vida desses militares. Logo, como tantos brasileiros, alguns atletas também sofreram perdas de familiares.

A Sargento Ana Sátila, classificada desde 2019 nas categorias de K1 e C1 de Canoagem Slalom, precisou fazer muitas adaptações na sua rotina de treinos. A atleta teve que realizar treinamentos físicos na própria casa, pois buscar um ambiente adequado para os treinos técnicos, como um lago, seria algo difícil. Ainda assim, a atleta seguiu confiante e motivada para manter o foco em seus objetivos. A Sargento Ana Sátila, mesmo sem medalha, fez história como a primeira mulher a conquistar uma vaga na final olímpica da modalidade Canoagem Slalom C1.

A rotina dos atletas de atletismo também não foi diferente. Classificados desde 2019 para os Jogos Olímpicos, eles remontaram seus planos de treinos, focando em trabalhos de polimento técnico e reforço muscular específico e buscaram formas de diferenciar suas marcas, como é o caso do Sargento Augusto Dutra, da prova de Salto com Vara, que focou nos treinos da corrida de aproximação, dando chance para empunhar a vara no ponto mais alto e aumentar o impulso do próprio corpo durante o salto.

Já o campeão Panamericano de Arremesso de Peso, Sargento Darlan Romani, trouxe parte do treinamento para a garagem de casa e ainda construiu um setor ao lado para realizar seus treinos de arremesso com segurança. “Sinto-me confiante para participar dos Jogos Olímpicos. Essa prova tem crescido muito nos últimos anos e promete grandes surpresas. Nós queremos estar no meio dessas grandes surpresas, colocando nosso nome nessa história”, disse o atleta, que recebeu as orientações do seu técnico a distância.

Imunizados em busca do Ouro
A vacinação dos atletas olímpicos e paralímpicos brasileiros, incluindo os atletas militares da Força Aérea Brasileira, iniciou em maio, por meio de uma ação interministerial no Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEx). A imunização ocorreu também nas cidades de São Paulo (SP), Brasília (DF), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (MG).

O Sargento Marcus Vinícius, um dos atletas militares de alto rendimento da FAB, ressaltou que, neste período pandêmico, o suporte da FAB foi fundamental para manter a sua determinação e performance. “Falo por mim e pelos demais atletas da Força, que, sem esse apoio institucional não seríamos profissionais no nível que somos hoje”, comentou.

O militar ainda reforçou a concentração durante os treinos no período de pandemia. “A pandemia poderia ter derrubado os meus resultados, mas com a Força Aérea ao meu lado, mantive o foco. Cuidei da minha saúde, da minha preparação física e psicológica e consegui melhorar o desempenho. Quero fazer a minha parte e trazer uma medalha para o Brasil”, enfatizou.

Programa de Alto Rendimento
O Programa Atletas de Alto Rendimento é uma parceria dos Ministérios da Defesa e da Cidadania, este por meio da Secretaria Especial do Esporte, e tem o objetivo de fortalecer a equipe militar brasileira em eventos esportivos de alto nível. Os esportistas têm à disposição todos os benefícios da carreira militar, como salários, plano de saúde, férias e assistência médica, incluindo nutricionista e fisioterapeuta, além de disporem de todas as instalações esportivas militares adequadas para os treinamentos. Os atletas também são beneficiados pelas bolsas Pódio e das categorias Olímpica, Internacional e Nacional do Ministério da Cidadania.

A FAB dispõe das instalações da Universidade da Força Aérea (UNIFA), no Rio de Janeiro, para que os militares possam treinar. O alistamento é feito de forma voluntária, e o processo de seleção leva em conta os resultados dos atletas em competições nacionais e internacionais. Dessa forma, as medalhas já conquistadas na carreira transformam-se em pontuações nos concursos para preenchimento das vagas.

Nos Jogos Olímpicos Rio 2016, o Ministério da Defesa ultrapassou as metas estabelecidas, ao classificar 145 atletas militares para integrarem as seleções olímpicas e conquistar 13 medalhas, das 19 obtidas pelo Time Brasil. Os números foram superiores a Londres, em 2012. A contribuição das Forças Armadas, com o apoio do então Ministério do Esporte, dos Comitês Olímpico do Brasil e Paralímpico Brasileiro, das confederações e federações esportivas, dos clubes sociais, entre outros parceiros, permitiu que atletas militares obtivessem 68% dos pódios.

À luz dos resultados obtidos naquela edição dos Jogos Olímpicos e do excelente desempenho de nossos atletas nos Jogos Mundiais Militares de 2019, na China, o Ministério da Defesa trabalha focado em apoiar o esforço olímpico nacional para os Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, e de 2024, em Paris.

Você sabia?
As Forças Armadas do Brasil, ao longo de sua história, sempre foram incentivadoras do esporte de alto rendimento. Exemplo disso foi a conquista da primeira medalha de ouro olímpica brasileira, na Antuérpia, Bélgica, em 1920, pelo então Tenente do Exército Guilherme Paraense na prova de pistola rápida, e da primeira medalha olímpica do atletismo nacional, o bronze conquistado no salto em altura do então Taifeiro da Aeronáutica José Telles da Conceição, em Helsink, na Finlândia, em 1952. A Força Aérea, a partir da década de 1950, incorporou vários atletas de alto rendimento que contribuíram com o desenvolvimento esportivo no País. Além dos atletas, a FAB também contou com técnicos multicampeões, como Togo Renan Soares (basquete), Sami Melinski (voleibol), dentre outros.

GLÁDIO ALADO ENTRA EM CAMPO

Conheça alguns integrantes da Força Aérea Brasileira do TIME BRASIL que participam dos jogos em Tóquio:

Lançamento de disco: Sargento Fernanda Raquel Borges Martins

“Estou a caminho da minha segunda olimpíada com as melhores expectativas possíveis. Foram quatro anos de muito treinamento buscando chegar à melhor forma possível, não apenas em treinamento físico, mas mental também. Jogos Olímpicos sempre é um desafio maior, pois é onde se decide quem será o melhor de todos; isso que o torna uma competição especial, uma vez que o sonho de todo atleta é ser campeão olímpico. Todos nós, nestes últimos meses, sofremos muito com o fechamento de centros de treinamentos e ficamos sem local para treinar; maior parte foi no improviso em casa ou em locais distantes onde havia um campo qualquer para lançar. Mas atleta é conhecido como uma pessoa de superação e me superei nesse sentido, pois nunca desisti. Foi uma preparação dura com desafios, mas que deu muito certo. Encontro-me na melhor fase da carreira e vou chegar aos jogos com muita garra e lutar por uma medalha por meu País”.

Atletismo: Sargento Augusto Dutra da Silva de Oliveira (salto com vara)

“Eu me sinto totalmente preparado para grandes resultados. Após uma etapa de treinamentos nos Estados Unidos, onde a Confederação Brasileira de Atletismo, em parceria com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), proporcionaram a oportunidade de fazer um Camping de treinamento. Esse Camping trouxe a certeza de que meus treinamentos estão no caminho certo. Estou em minha melhor fase e na espera de competições para que eu possa começar a mostrar o quanto estou preparado para saltar alto esse ano. Tudo isso está sendo possível pelo apoio do Programa de Atletas de Alto Rendimento (PAAR); eu me sinto honrado por estar representando o meu País não só como atleta, mas como um militar da Força Aérea Brasileira. Esse Programa tem me oferecido um excelente suporte, facilitando muito a minha carreira atlética, pois tenho tranquilidade para exercer a minha função como atleta. Hoje tenho a certeza que estou no caminho certo rumo ao pódio em uma Olimpíada, graças ao meu empenho como atleta e toda a estrutura que hoje me rodeia”.

Ginástica Artística: Sargento Arthur Nabarrete Zanetti

“As expectativas para esse Jogos Olímpicos são as melhores possíveis. Será um evento totalmente diferente das outras edições, pois estamos vivendo em um momento de pandemia e com isso os protocolos de segurança estão bem rigorosos para manter a saúde de todos envolvidos. Mesmo com tudo isso, o Japão é um País incrível e irá fazer uma olimpíada que ficará marcada na vida de todos. A pandemia acabou atrapalhando um pouco nossa preparação, pois ficamos muito tempo afastados do ginásio, isso fez com que nossa parte física e técnica diminuíssem, mas hoje já conseguimos retomar esses dois fatores. A paternidade está me motivando muito e está sendo o melhor momento da minha vida. Vou para o ginásio para mostrar ao meu filho, no futuro, as minhas conquistas”.

Atletismo: Sargento Caio Oliveira de Sena Bonfim (marcha atlética)

“Jogos Olímpicos, uma competição diferente de tudo por sua grandeza, sendo realizado em um momento muito difícil para o mundo, mas a dedicação não tem faltado. Treinamos muito para esses Jogos. Estou em minha melhor forma física. Mesmo com poucas competições, conseguimos encontrar provas pontuais que nos deram confiança e bons resultados. Espero trazer bons resultados para o Brasil”.

Participam, também: Geisa Rafaela Arcanjo (Arremesso de peso); Luiz Henrique Cocuzzi e Priscilla Andréia Stevaux Carnaval (Ciclismo); Arthur Nory Oyakawa, Francisco Carlos Barreto Junior e Caio Campos Souza (Ginástica Artística); Viviane Eichelberger Jungblut, Aline da Silva Rodrigues, Gabriel dos Santos Silva e Pedro Henrique Silva Spajari (Natação); Vittória Lopes de Mello (Triatlo); Jorge Henrique da Costa Vides, Tatiane Raquel da Silva e Derick de Souza Silva (Atletismo); Marcus Vinicius D’Almeida (Tiro com Arco); Eliane Martins (Salto em Distância); e Laila Ferrer Domingos (Lançamento de Dardo).

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