Por Geraldo Gurgel – Durante os 12 dias da 19ª Feira Nacional de Negócios do Artesanato, as mais surpreendentes criações artesanais do Brasil e do mundo podem ser encontradas em um só local. O Centro de Convenções de Olinda (PE) transforma-se em um polo de difusão dos saberes tradicionais e do potencial de crescimento dos artesãos. A Fenearte funciona como um importante estímulo a cadeia produtiva do artesanato brasileiro com a presença de cinco mil artistas e expositores de todos os estados e de 22 países. São mais de 800 estandes e negócios estimados em R$ 43 milhões.
Goiás, por exemplo, selecionou artesãos através de um edital público e está na feira com dois estandes da prefeitura de Goiânia e da Associação União dos Artesãos de Goiana que reúnem a rica produção artesanal típica do Cerrado brasileiro. É a oportunidade de apresentar o resultado do ofício do artesão: transformar a natureza em beleza, a memória em cultura e o talento em obras de arte. Manifestações musicais e culturais como coco, ciranda, maracatu, cavalo-marinho, caboclinho e mamulengo também viram arte imaterial na memória dos que mantém e transferem o saber popular entre gerações.
Juão de Fibra, que atua em Goiás e no Distrito Federal é um dos convidados da Fenearte. Mestre em trançar desde a infância, ele trabalha com o capim colonião, uma planta bastante rígida muito comum no Planalto Central. O trançado de capim colonião é uma criação exclusiva do mestre Juão de Fibra e dos grupos capacitados por ele em Goiás. Os produtos desenvolvidos pelo artista também incluem objetos que mesclam outras fibras brasileiras como o capim-dourado e a palmeira de buriti, além da madeira e da cabaça. Já Lupércio dos Anjos, de Mato Grosso, faz 51 peças diferentes, entre elas, lamparinas artesanais exportadas para a Europa.
A Fenearte estimula o artesanato como atividade sustentável com uma galeria de reciclados. A diversidade da feira também se expressa nos salões de arte popular e religiosa e alameda dos mestres. O espaço Sebrae de artesanato é um exemplo de transformação da atividade em negócio rentável, gerando emprego e renda para os artesãos e familiares. As rodadas de negócios, inclusive internacionais, e oficinas de artesanato e mercado também ajudam a formalização dos profissionais da economia criativa. Os 300 mil visitantes esperados durante a Fenearte ainda poderão participar de oficinas de artesanato para adultos e crianças e conferir as apresentações culturais e shows diariamente.
Moda e artesanato desfilam na passarela. crédito: divulgação
Tem até desfile de moda e mostra de design artesanal. É uma forma de estimular a produção da arte popular e a presença dos artesãos no mundo da moda com seus trabalhos manuais como bordados, fuxico e aplicações. Os trabalhos feitos à mão também decoram ambientes intimistas, cheios de identidade e afeto. São peças de mobiliário antigo ou contemporâneo que caminham de mãos dadas com o artesanato e a arte popular com decoração e peças utilitárias. A arte produzida pelas comunidades indígenas brasileiras também tem espaço garantido na Fenearte.
Cozinha e Boteco – A Associação Pernambucana das Cervejarias Artesanais, que reúne mais de 15 marcas de cervejas locais participa da feira. Aos bares de bebida artesanal se somarão os pratos típicos regionais na praça de alimentação artesanal. A gastronomia é outra manifestação típica da arte feita com as mãos que, entre os ingredientes e sabores, leva uma boa pitada de coração. Acarajé da Bahia, Casa da Macaxeira, República dos Pastéis, Rei das Coxinhas, Casa do Pará e Bar da Fava são nomes que revelam o leque de sabores da cozinha artesanal do Brasil.