O assunto mais comentado nas editorias de cultura de todo mundo nesta semana foi a morte assistida de Jean Luc Godard. É possível afirmar que a obra de Godard é imortal, seja pelas centenas de artigos que escreveu como crítico, seja pelos seus filmes, que não só mudaram os rumos da sétima arte, mas também desafiaram as normas comerciais do cinema narrativo e o vocabulário da crítica de cinema.
As referências de Godard no cinema mundial são incontáveis. Em 2002, a icônica revista britânica especializada em música e cinema, Sight & Sound, publicou uma pesquisa onde Godard ficou em terceiro lugar, numa lista da crítica especializada que trazia os dez principais diretores de todos os tempos. Sem dúvida, Jean Luc criou um dos maiores corpos de análise crítica do que qualquer outro cineasta desde meados do século XX.
Ao longo de sua carreira também colecionou dezenas de prêmios. Em 2010, recebeu o Oscar honorário. Mas como estamos falando do diretor mais controverso da história, ele não foi buscar sua estatueta, o que não mudou nada por parte de seus admiradores e seguidores.
Godard começou a ser reconhecido internacionalmente por ser um dos expoentes do movimento francês Nouvelle Vague, junto com outros jovens cineastas, como Claude Chabrol (Os Primos, 1959), François Truffaut (Os Incompreendidos, 1959) e Agnès Varda (La Pointe Courte, 1955).
Esses jovens diretores, no final da década de 50, começaram a fazer uma série de filmes que tinham como características em comum a inovação estética, tanto na forma quanto no conteúdo, trazendo uma visão mais autoral da história a ser contada. O Acossado, de 1960, e Viver a Vida, de 1962, estão entre os dois filmes mais icônicos de Godard, apresentando cortes rápidos de uma cena para outra e uma narrativa não linear.
Essa nova forma de fazer cinema influenciou diversos cineastas americanos, mudando os rumos das produções de Hollywood a partir do final da década de 60. Dentre os diretores que foram inspirados diretamente por Godard e seus contemporâneos foi Martin Scorsese, Steven Spielberg, Peter Bogdanovich e Robert Altman.
Nascido em Paris e criado na Suíça, Godard tinha uma relação conturbada com os pais, um médico e uma filha de banqueiro. O vínculo se rompeu quando ele trocou a ilustre Sorbonne pela Cinemateca Francesa, onde conheceu seu principal parceiro criativo, François Truffaut (1932-1984), e André Bazin , editor chefe da revista Cahiers du Cinéma, bíblia dos cinéfilos, na qual Godard trabalhou como crítico.
Sua estreia nas telonas foi com o filme Acossado, em 1960, uma sua brilhante produção com sobre um ladrão procurado pela polícia que tem um romance com uma americana. Um filme abstrato, poético e ousado.
Na sua vida pessoal, Godard foi casado duas vezes, com as atrizes Anna Karina e Anne Wiazemsky, ambas estrelas em vários de seus filmes. Mas foi com a dinamarquesa radicada em Paris, Anna Karina, que Godard atraiu os olhares de todo mundo em filmes aclamados pela crítica como Bande à part de 1964 e Pierrot le Fou de 1965.
Fico aqui com meu adeus ao mestre, e de uma maneira ou outra, conectada a sua obra como cinéfila e com meu nome atrelado à grande estrela, Anna Karina, companheira e musa inspiradora do aclamado diretor francês.
Dicas de cinema da semana
Ingresso para o paraíso: Julia Roberts e George Cloney juntos em um filme? Sim, as estrelas estão neste filme que entra em cartaz, nesta semana.
Na trama, um casal divorciado decide viajar às pressas para uma ilha idílica na tentativa de impedir que a filha se case.
Situações hilárias farão com que o público se divirta com esse ex-casal, que fará de tudo para que a filha não cometa o mesmo erro deles.
Uma superpedida e diversão garantida!
Moonage Daydream: sucesso no último festival de Cannes e ovacionado pela crítica, estreia nos cinemas o filme dirigido por Brett Morgen.
O documentário sobre David Bowie promete surpreender os fãs e leigos da obra de um dos maiores gênios da música.
O público mergulhará em imagens de shows, arquivo familiar e makings offs.
Lembrando que o título faz referência a uma das músicas mais icônicas do camaleão do rock – Moonage Daydream.
Festival de cinema em Brasília
O Festival Internacional de Cinema de Brasília (Biff) comemora dez anos com o retorno presencial às salas de cinema e mostras online para todo país.
São mais de 50 filmes. A maioria será exibida pela primeira vez na América Latina. A mostra passou pelo crivo de uma curadoria especializada.
O Festival, neste ano, apresenta uma oficina em parceria com a Academia de TikTokers, antenado nas novas ferramentas, com o objetivo de capacitar o público a criar conteúdos audiovisuais na plataforma do entretenimento e rede social que mais cresce no mundo.
O evento será realizado em formato híbrido, entre os dias 23 e 30 de setembro .
Para programação acesse: biffestival.com.
Edição: Kelly Oliveira