No quintal da casa em que reside, imóvel cedido por amigo, o nada sisudo professor exibiu os livros que recebe de doação e {maioria} que adquire com recursos próprios, utilizando seus proventos de professor universitário. Investimento qualificado de promissor, na sua avaliação. “Investir em cultura é garantia antecipada de vitória”.
No ato de nossa visita, muitos desses livros ainda estavam acomodados no espaço dos bancos traseiros de sua velha Kombi (VW). Veículo que, durante anos, Clovis utilizou para levar o hábito da leitura às comunidades mais carentes de Mato Grosso. Como pretendia ir mais além {e não detinha estrutura logística veicular}, a montadora Nissan o presenteou com uma caminhonete zero KM, em 2018.
No dia a dia, o professor Matos vive modestamente, conforme costuma frisar. Não credita solidão ao seu estilo aparentemente recluso, “porque ninguém está sozinho quando tem livros por perto”, argumenta. Aproveita cada minuto livre para se dedicar à amplitude do projeto literário que abraçou com entusiasmo juvenil.
Clovis também é cinéfilo contumaz, amante de cinema, enveredando-se em incursões distintas na área cineclubística da Universidade Federal de MT. Confessa sem preâmbulos ser apaixonado pela Sétima Arte, e tem desenvolvido uma série de atividades nesse segmento artístico: roteirista, diretor e produtor de várias películas. São produções centradas no cotidiano das comunidades mato-grossenses e em temas ligados à cultura local.
Agora, Clovis Matos ressurge novamente na popular figura de Papai Noel, distribuindo presentes à criançada com expansivos Oh, Oh, Oh!”, saudação típica do Bom Velhinho. Mas o maior presente, convenhamos, é tê-lo mesmo entre nós. É conclusão universal de quantos quantos conhecem a trajetória brilhante desse monstro cultural.
Por João Carlos de Queiroz, jornalista